Na esteira da celebração dos 46 anos da assinatura dos Acordos de Lusaka – que levaram o Estado colonial português a reconhecer o direito à independência de Moçambique – que se assinalaram esta segunda-feira, a Nova Democracia (ND), uma nova força política bastante interventiva na sociedade, questiona se a luta de libertação nacional terá sido desencadeada (em 1964) para substituir um colono pelo outro.
A questão, segundo aquela formação política, deriva do facto de o país ainda não estar em paz, assim como estar “controlado por grupos de interesses” e de “interesses de grupos ligados ao terrorismo” que, na sua óptica, agitam a bandeira do tribalismo, “com a grande maioria populacional na pobreza e sem horizonte”.
Em comunicado de imprensa, emitido este domingo, 06 de Setembro, a Nova Democracia defende ser um “paradoxo” celebrar a vitória com crianças estudando no chão, centros de saúde destruídos pela pólvora, os cidadãos transportados em carrinhas de caixa aberta (vulgo my loves) e com a corrupção a corroer, cada vez mais, a sociedade moçambicana.
“Quando no seio da pátria impõe-se limites para pensar e falar, quando se queima jornais, se baleia, se rapta e se torturam activistas, académicos e jornalistas, uma nova vitória se faz necessária sob pena de não só se avançar, mas se regredir aos tempos do xibalo [trabalho forçado] e chicote, tais donos da situação no clímax da brutalidade”, considera a formação política liderada por Salomão Muchanga, para quem “a alegria da vitória perdeu-se no rascunho da memória”. (Carta)