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quarta-feira, 24 junho 2020 08:56

Caso António Muchanga: “A Renamo não instrui os seus quadros a beber uma garrafa de whisky e depois ir a um programa de televisão” – reage o partido

Desde o passado domingo que o deputado António Muchanga, da Renamo, é tema de conversa nas esquinas, transportes públicos e semi-colectivos de passageiros e, sobretudo, nas redes sociais. Se, em outras ocasiões, é pelos seus pronunciamentos quase sempre “incendiários” e “vexatórios”, mormente direccionados aos seus “adversários políticos”, desta vez, é pelas piores razões. Foi escorraçado de um programa televisivo, o “Pontos de Vista”, do canal privado STV, devido ao seu avançado estado de embriaguez.

 

Inúmeras foram as reacções à volta do assunto, sendo a condenação, indignação e repulsa à atitude do deputado do maior partido da oposição do xadrez político nacional o denominador comum. Esta terça-feira, 48 horas depois do deplorável episódio, o partido quebrou o silêncio. E não fez diferente dos outros segmentos da sociedade moçambicana. Através do seu respectivo porta-voz e também deputado da Assembleia da República (AR), José Manteigas, disse que é uma atitude que “envergonha o partido”.

 

O partido Renamo, para além de considerar vergonhosa a atitude do seu membro sénior, disse não ser cultura no seio daquela organização político-partidária instruir os seus membros e representantes a ingerir bebidas alcoólicas e, seguidamente, participar em debates, sejam eles televisivos, radiofónicos ou em qualquer outro tipo evento. 

 

José Manteigas avançou que o partido envia sim seus representantes para os mais variados programas (de rádio ou televisão), mas a postura ou atitude é mesmo uma questão individual. Por este facto, anotou Manteigas, não cabia a uma outra pessoa senão ao próprio António Muchanga explicar as razões que o motivaram a apresentar-se bêbado ao aludido programa televisivo, no passado domingo, onde estavam também representantes das outras duas formações com assento na AR, nomeadamente da Frelimo e o Movimento Democrático de Moçambique.

 

“Nós destacamos quadros para participar em debates nos mais variados painéis em canais televisivos. Quando a pessoa vai ao programa, de facto, é em representação do partido Renamo. Mas a postura é mesmo do indivíduo. A Renamo não instrui os seus quadros a beber uma garrafa de whisky e depois ir a um programa de televisão. A atitude do colega foi mesmo a título pessoal. A postura é individual. Pretendendo obter esclarecimentos sobre a razão daquela atitude, querendo, pode contactar o colega António Muchanga. Só ele está em condições de explicar as razões para ter agido daquela forma”, disse José Manteigas.

 

António Muchanga, proeminente membro da Renamo, cumpre, na presente legislatura (a nona) o seu segundo mandato consecutivo. Chegou a deputado da AR via círculo eleitoral da província de Maputo. No mais alto e importante órgão legislativo do país, Muchanga é temido, pelo menos entre os seus pares, precisamente pelos seus ataques, sendo aspectos relacionados à vida privada a sua principal arma.

 

Adiante, o porta-voz da Renamo avançou, embora sem revelar quais, que o partido vai tomar medidas em relação à atitude de António Muchanga. A par de considerar um assunto interno cuja mediatização era desnecessária, Manteigas sublinhou que o deputado Muchanga será convocado pelos órgãos do partido para, em audição, explicar o que, de facto, aconteceu no passado domingo. 

    

“É um assunto interno. Internamente, o partido vai tomar medidas. Nós como partido vamos sentar com ele e conversar. São coisas internas e que não é necessário expor na imprensa”, avançou Manteigas.

 

Importa, no entanto, fazer menção que não é a primeira vez que António Muchanga faz a combinação álcool e a participação num programa televisivo (debate televisivo). Num passado não muito distante, igualmente, em debate televisivo num outro canal, António Muchanga apresentou-se alcoolizado, tendo o facto sido denunciado pelo seu colega de painel, o político Miguel Mabote. Muchanga nunca chegou, pelo menos publicamente, a desmentir a acusação de Miguel Mabote.

 

No passado domingo, o deputado da Renamo foi, recorde-se, convidado pelo apresentador e moderador do retromencionado programa, Jeremias Langa, a retirar-se do programa, por este último ter constatado que o mesmo não se encontrava em condições de participar do programa.

 

António Muchanga foi tirado do ar poucos minutos após o início do programa “Pontos de Vista”. Apenas teve espaço para apresentar o seu facto da semana que esteve relacionado com a mudança da alcunha da selecção nacional de futebol, os “Mambas”. Na sua enrolada alocução (caracterizada pela deficiente articulação das palavras) sugeriu que os moçambicanos devem votar na “alcunha rinoceronte” por ser um animal com maior valor em Moçambique e por também ser mote para a condenação a penas pesadas de vários cidadãos no país.

 

Nas Eleições Gerais de Outubro último, António Muchanga foi candidato a Governador da província de Maputo. Consta ainda do seu currículo o facto de ter concorrido à presidência do Conselho Municipal da Cidade da Matola nas eleições autárquicas de 2013 e 2018. (Carta)

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