No início deste ano, um grupo de legisladores dos EUA pediu à Casa Branca que a cimeira da AGOA (Lei de Crescimento e Oportunidades para África) não fosse realizada na África do Sul. Isto ocorreu na sequência de acusações de que a África do Sul estava a apoiar a Rússia na sua guerra contra a Ucrânia. Mas esta quarta-feira (20), o governo dos EUA confirmou que a cimeira terá lugar em Joanesburgo.
Apesar das ameaças dos EUA de que a cimeira deveria ser realizada noutro país, a África do Sul continuará a acolher a cimeira entre os EUA e os beneficiários da Lei de Crescimento e Oportunidades para África (AGOA) em Novembro.
Numa declaração conjunta esta quarta-feira, a Representante Comercial dos EUA, Katherine Tai, e o Ministro sul-africano do Comércio, Indústria e Concorrência, Ebrahim Patel, confirmaram que a cimeira terá início em Joanesburgo, no dia 2 de Novembro.
Em Junho, um grupo de legisladores democratas e republicanos dos EUA pediu à Casa Branca que a cimeira não fosse realizada na África do Sul e alertou que o país parecia prestes a perder o seu estatuto de beneficiário da AGOA.
Isto foi em resposta a uma alegação dos EUA de que a África do Sul tinha despachado armas para a Rússia através de um navio russo sujeito a sanções que atracou em Simon's Town em Dezembro de 2022. No entanto, um relatório independente encomendado pela presidência sul-africana concluiu que estava a descarregar equipamento encomendado pela Armscor em 2018.
Os políticos dos EUA também salientaram que a África do Sul realizou exercícios militares conjuntos com a Rússia e a China e, em Abril, autorizou um avião de carga militar russo sujeito a sanções dos EUA a aterrar numa base da força aérea sul-africana. Ao permitir que a África do Sul acolhesse a cimeira, serviria como um “endosso implícito” do apoio do país à invasão da Ucrânia pela Rússia e também poderia ser uma possível violação da lei de sanções dos EUA, acrescentaram.
Mas Tai disse que espera visitar a África do Sul para discutir “prioridades partilhadas” e explorar oportunidades para tornar a AGOA mais “transformadora”. “Como disse o Presidente Biden, o futuro é África”, disse Tai.
Mais de 30 países africanos beneficiam da AGOA, que lhes permite acesso isento de impostos para algumas exportações para os EUA. A AGOA dá acesso isento de impostos a 25% das exportações sul-africanas para os EUA, o segundo maior parceiro comercial da África do Sul, depois da China.
A perda da AGOA seria um duro golpe para as exportações de veículos sul-africanos, em particular. Os EUA foram o segundo maior mercado total de importação de automóveis da África do Sul em 2022, com veículos e componentes no valor de R24 biliões sendo exportados para os EUA. A AGOA deverá expirar em 2025. Entretanto, na segunda-feira, durante uma reunião com investidores dos EUA, o presidente Cyril Ramaphosa implorou ao governo norte-americano que prorrogasse a AGOA por mais uma década.
“Uma extensão da AGOA para além de 2025 promoverá o investimento interno em África e proporcionará benefícios tanto aos Estados Unidos como aos países africanos”, disse Patel. Apoiará também os nossos esforços para aumentar o crescimento através da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA), que abrangerá 54 países e 1,4 mil milhões de pessoas." (News24)