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quarta-feira, 21 junho 2023 07:59

CIP celebra 18 anos debatendo ética e integridade

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O Centro de Integridade Pública (CIP), organização da sociedade civil que defende transparência na gestão da coisa pública, celebrou, esta terça-feira, 18 anos da sua existência, com um sarau cultural, que juntou académicos, activistas sociais, colaboradores e anónimos para discutir a ética e integridade no país.

 

Num painel constituído pelo filósofo Severino Ngoenha, o jurista Teodato Hunguana, o médico Ivo Garrido e a escritora Paulina Chiziane, o combate à corrupção voltou a polarizar as atenções, porém, com os membros do painel a desafiarem o CIP a não se centrar apenas no levantamento dos problemas do país, mas também a fazer parte da solução.

 

Paulina Chiziane foi a primeira a desafiar o CIP, em particular, e as organizações da sociedade civil, no geral, a pensarem a sua sobrevivência sem o financiamento externo, pois, na sua óptica, não se pode fazer a democracia com o dinheiro do outro. Chiziane entende que a sociedade civil moçambicana precisa de deixar de falar a linguagem do dólar, isto é, abordar os problemas do país com base na perspectiva dos doadores, em algumas situações escamoteando a verdade.

 

Por sua vez, o filósofo Severino Ngoenha defendeu a necessidade de, passados 18 anos, o CIP virar as suas atenções para a busca de soluções para construção da sociedade moçambicana, visto que os problemas já foram devidamente identificados. Recomendou ainda a organização a fazer uma introspecção em torno das suas acções, de modo a evitar cometer os erros que aponta nos outros.

 

Para o Reitor da Universidade Técnica de Moçambique, a corrupção que se assiste no país resulta da falta de introspecção, sublinhando que a Frelimo, enquanto partido no poder, conseguiu vigiar o regime da Rodésia do Sul (actual Zimbabwe) e da África do Sul (do apartheid), mas não conseguiu vigiar a si mesma, facto que propiciou a corrupção no país.

 

Já Ivo Garrido, antigo Ministro da Saúde, defendeu a necessidade de o CIP estudar o impacto psicológico causado pela corrupção na sociedade, visto que a mesma está enraizada no país, afectando não só o Governo, mas a sociedade em geral. Aliás, para Ivo Garrido, a corrupção é um sintoma de uma doença ainda maior, dando exemplo das guerras verificadas na Igreja Velha Apostólica de Moçambique e na Comunidade Mahometana de Maputo.

 

O antigo Juiz do Conselho Constitucional, Teodato Hunguana, defende que a corrupção floresce do centralismo do Estado moçambicano, um modelo de governação que havia sido abolido em 1986, porém, retomado em 1990, após a introdução do multipartidarismo. Hunguana entende que o actual modelo de governação é altamente corruptivo, havendo necessidade de mudá-lo, como forma de garantir equilíbrio e interdependência no funcionamento das instituições.

 

O Director do CIP, Edson Cortez, um dos membros fundadores da organização, sublinhou que os 18 anos da organização representam crescimento, maturidade e muita responsabilidade. Afirma que, caso se tratasse de uma pessoa, a organização atingiria, este ano, a maioridade política. Agradeceu o apoio dos parceiros de cooperação e dos colaboradores da instituição. (Carta)

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