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terça-feira, 20 setembro 2022 03:34

Conflito em Cabo Delgado não é problema apenas para Moçambique e SADC – Bispo Dinis Matsolo

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O extremismo terrorista e violento na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, não é um problema apenas para Moçambique e para a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), mas é um problema para todo o mundo, destacou o clérigo moçambicano e líder da sociedade civil, Dom Dinis Matsolo, que propõe ainda um diálogo inter-religioso para dissipar a noção de que o conflito era baseado na religião.

 

Matsolo esteve entre os representantes da sociedade civil, polícia, serviços prisionais e grupos de mulheres e jovens que foram convidados a falar na apresentação dos resultados preliminares do Mecanismo de Resposta Antecipada (ERM), em Pemba, no passado dia 12 de Setembro. O ERM é uma iniciativa da SDAC de Apoio à Construção da Paz em Moçambique, financiada pela União Europeia.

 

O ERM procura pacificar a situação de segurança na Província de Cabo Delgado que continua relativamente calma, mas imprevisível devido à ameaça representada pelas actividades terroristas. Uma série de actividades foram realizadas pelo projecto de Apoio à Construção da Paz da SADC no âmbito do ERM para fornecer assistência humanitária e manutenção da paz multidimensional que envolve, entre outros, o envolvimento de civis para realizar medidas e programas de construção de confiança, dentro das comunidades.

 

O Bispo Matsolo comentou os esforços da Missão militar da SADC em Moçambique (SAMIM) e do programa ERM, mas disse que seria um grande erro se as pessoas começassem a acreditar que o problema em Cabo Delgado seria resolvido apenas pelos militares. Ele disse que, como membro do grupo de líderes religiosos, acredita que o diálogo era fundamental para resolver o problema do terrorismo e propôs um diálogo inter-religioso em que os líderes de diferentes religiões da província se encontrariam e mostrariam que estão juntos na luta contra o terrorismo. Isso dissiparia a noção de que o conflito era baseado na religião.

 

Dom Matsolo também propôs um diálogo intercomunitário para abordar a situação dos deslocados internos em Cabo Delgado, bem como um diálogo intergeracional para compartilhar valores com os jovens para promover a coesão social. Ele disse que as relações civis-militares não devem ser subestimadas e minimizadas porque há a necessidade de um relacionamento sólido, pois a comunidade deve actuar como inteligência local.

 

O Superintendente José Luis Tomocene, que representou o Ministério do Interior, agradeceu à SAMIM e à UE pela organização e financiamento do workshop para fortalecer as capacidades e competências da polícia em vários domínios.

 

Os workshops transmitiram conhecimentos sobre policiamento orientado para a comunidade, protecção de civis, instrumentos jurídicos para a promoção dos direitos humanos, Estado de direito e uso da força, e isto constituiu uma mais-valia para a cooperação e construção da paz em Moçambique, disse Tomocene. Os actos de terrorismo ao nível global exigiram que a polícia revisitasse os seus mecanismos e capacidades existentes aos níveis continental e regional para enfrentar efectivamente os múltiplos desafios de segurança.

 

Gaspar Júnior Saíde, Director Provincial dos Serviços Penitenciários, agradeceu a formação prestada aos agentes penitenciários no âmbito do programa ERM. Ele disse que o seu departamento estava ciente de que os terroristas usam violência psicológica e física para prejudicar a sociedade, mas os oficiais de serviços correcionais estão firmes na sua missão de permitir que a sociedade avance sem medo do terrorismo. As oficinas de treinamento transmitiram conhecimentos teóricos e práticos aos agentes penitenciários para combater o terrorismo e o extremismo violento e proteger a sociedade, acrescentou Gaspar Saíde.

 

Uma representante das mulheres formadas no âmbito do Mecanismo de Resposta Antecipada saudou o programa de ensino às mulheres afectadas pelo conflito em Cabo Delgado sobre os perigos da violência baseada no género (VBG) e transmitindo-lhes competências de vida em culinária, empreendedorismo e gestão de pequenos negócios. Ela disse estar convencida de que, com o conhecimento adquirido durante o workshop, as mulheres estariam em condições de levar a mensagem da VBG de volta às suas comunidades e seriam consideradas como agentes sociais de mudança.

 

Um representante dos jovens também agradeceu o Mecanismo de Resposta Antecipada por capacitá-los em habilidades como carpintaria, soldadura, agricultura e culinária. Ele disse que o treinamento era vital, pois abordava questões de que os jovens das comunidades afectadas precisavam, propondo que esses programas fossem estendidos para dar aos jovens mais oportunidades e a chance de reconstruir o país. (Carta)

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