Director: Marcelo Mosse

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BCI
sexta-feira, 22 julho 2022 08:06

Gestão do Porto de Maputo: Um caso sério de responsabilidade humana e corporativa

Eventualmente por uma questão de falta de autoestima, procuramos exemplos das melhores práticas corporativas em experiências e exemplos que venham de fora, que só por esse cunho exterior, já se colocam em vantagem competitiva duvidosa.


Em Moçambique, olhando com algum interesse e prospeção interna, temos companhias que discretamente têm padrões de classe mundial invejáveis, quiçá exportáveis. É o caso evidente do MPDC. Quem observa exteriormente, parece uma empresa tipicamente secular, com métodos tradicionais de trabalho, pouco flexíveis e estanques e com pouca inovação, muito típico de empresas que valorizam a segurança e métodos já experimentados, por questões de segurança, ao invés da criatividade e mente aberta, tão na moda nos tempos de hoje.


Mas engane-se quem assim preconceituosamente pensar, bastando, para tal, visitar, sem muita intrusão, a empresa, e apenas por algumas horas, o clima e ambiente organizacional que por lá se vive e transpira.


À entrada, zelosos colaboradores asseguram, com indução, a familiarização com o espaço físico, com os evidentes "dos and donts", com afabilidade e profissionalismo, muito no sentido didáctico e preventivo, ao invés do habitual e intimidatório aviso. As boas-vindas estão dadas, e como se diz vulgarmente, "não há segundas oportunidades de criar uma primeira boa impressão", e ali do Adágio passa-se à prática.


Ao deambular pela empresa, de forma absolutamente espontânea, a diversidade vem ao de cima, sendo ela, de género (numa indústria tradicionalmente masculina), de idades (experiência vs estagiários), de raças (tem de tudo), de estratificação social, e, espantoso, de inclusão.


Nota-se a olho nu a inclusão de, queremos ser honestos com a designação, pois não simpatizamos com a expressão deficientes físicos, ou pessoas com necessidades especiais, preferíamos designar pessoas com diferente mobilidade física. Notável. Desde pessoas em cadeiras de rodas, pessoas com muletas, pessoas com algum tipo de distúrbio mental, enfim, tudo o que se possa identificar com uma minoria social tradicionalmente excluída encontra-se naquele recinto. E a serem tratados sem nenhuma peculiaridade ou privilégio, sendo apenas providenciados contingentemente os meios de locomoção apropriados para quem deles precisa. Escusado, será dizer que, do ponto de vista de adaptabilidade institucional física, ou seja, os acessos, congrega tudo: facilidades de acesso, rampas, enfim, tudo o que é necessário para facilitar a vida dos colaboradores.


Para além das questões de segurança, outra que chama a atenção é a limpeza do espaço quer interno quer externo. Não raras vezes e de forma cronometrada, vê-se os homens da limpeza, a fazerem o seu trabalho, aparentemente sem supervisão directa, mas com os visitantes como ponto de medição da sua eficácia. A máquina definitivamente está oleada.


Quantas empresas locais se preocupam com saúde ocupacional e mental dos seus colaboradores? Pois, esta tem isso incluído regularmente nos seus processos de gestão, com massagistas a intervirem e disponíveis para quem ocasionalmente necessite de alguma atenção particular.


Do ponto de vista de práticas de RH, e sem qualquer tipo de auscultação aos líderes desta área, ficamos a saber de vários aspectos de realce que são privilegiados: contratação, treinamento e inclusão de jovens estagiários, recrutamento baseados em competências, preocupação com inclusão e paridade de género, constante e deliberado investimento em formação contínua dos trabalhadores aos mais diversos níveis, com provedores de formação dos mais reputados da praça. Parece que a Empresa, e bem, não considera o investimento em formação como um custo, mas sim como um investimento e oportunidade de descoberta de talentos e sua respectiva integração e progressão de carreira.


Outro aspecto não menos relevante se refere à terciarização do serviço de catering. Já tivemos exposição a várias empresas deste ramo, e ao nível de serviços providenciados, e sem desprimor do profissionalismo de todos, a perspectiva é normalmente de fazer o mínimo necessário para satisfazer os colaboradores, ao invés do máximo possível, para a diversificação e a respectiva nutrição afinada das suas refeições. No caso em apreço, o máximo possível foi a opção escolhida, com refeições ao mais adequado nível de saudável produtividade e bem-estar dos trabalhadores. Há a humildade, perante eventual soberba da comida gratuita, em advertir para o consumo sem desperdício, culminando com a recolha do lixo com critérios ambientais claramente identificados. Facto relevante do ponto de vista de diversidade, até refeições dietéticas fazem parte do menu. Efectivamente, estamos a tratar de empresa de classe mundial.


Nos momentos de pausa não são desperdiçadas oportunidades de comunicação efectiva com o público alvo, incluindo mensagens sobre os valores da empresa, os temas candentes de gestão e, particularmente, e sendo um dos seus pilares, mensagem sobre integridade e valores. Não raras vezes, se vêem incentivos à denúncia anónima de comportamentos disruptivos, como sejam assédio, corrupção, roubo, apresentando os canais pelos quais os trabalhadores se podem expressar, expondo todos os membros da organização, incluindo os mais altos quadros da organização, caso seja esse o caso.


Pela descrição dos factos acima, ainda haverá dúvidas de que se trata de uma empresa de classe mundial? E estas ilações foram tiradas por um ocasional visitante, sem entrevistas de compreensão das políticas com os gestores, ou seja, as práticas organizacionais estão à vista e escrutínio de quem visita esta empresa humanamente responsável.(SCMDS)

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