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terça-feira, 27 julho 2021 08:04

BAD defende que empresas privadas não são robustas em Moçambique

O Representante cessante do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Pietro Toigo, defende que as empresas privadas do país não têm robustez, facto que lhes dificulta aceder a um tipo de financiamento mais elevado.

 

Em entrevista ao jornal “Notícias”, sobre o balanço dos seus quatro anos à frente daquela instituição financeira em Moçambique, Toigo abordou várias questões económicas, mas quando questionado sobre a robustez do empresariado privado, respondeu nos seguintes termos: “os constrangimentos do sector privado relacionam-se com a sua fragmentação e o facto de ser muito pequeno. As empresas que se consideram grandes, na verdade são pequenas e médias e isso restringe um pouco a capacidade do empreendedorismo aceder a um certo tipo de financiamento mais abrangente. A agricultura é baseada um pouco na informalidade e na relação interpessoal e isso também restringe um pouco a capacidade de investir no sector”.

 

No entender do Representante cessante do BAD em Moçambique falta, no sector privado, a capacidade de fazer ligações fortes e sustentáveis entre as Pequenas e Médias Empresas (PME) e os megaprojectos, facto que será um grande desafio.

 

Para colmatar esses problemas, a fonte sublinhou que a instituição que dirige tem vários projectos de apoio às PME no país, como por exemplo, as que trabalham ao longo do Corredor de Nacala para utilizar de forma mais forte esta plataforma de logística.

 

Quanto ao ambiente de negócios, Toigo disse haver ganhos, embora seja ainda necessário fazer reformas pontuais. “Historicamente, o país tem uma predominância do sector público sobre privado e um nível de burocracia que muitas vezes pode sufocar o sector privado”, afirmou Toigo.

 

Todavia, baseando-se no "Doing Business”, a fonte diz que há considerações interessantes no relatório nas diferentes províncias. Disse que, em algumas, se pode ver indicadores que têm muito melhor desempenho em algumas em relação a outras províncias.

 

Como solução, Toigo propõe transferir imediatamente, a nível nacional o que é melhor de todas as províncias. “Quando olhamos alguns indicadores, como a eficácia de gestão de portos, vemos níveis de eficiência do Porto da Beira, por exemplo, que excedem indicadores de outros. O país pode aprender estas licções sem sair à procura do que foi feito noutros países em contextos culturais diferentes. Se pudermos transferir o que está a funcionar em algumas províncias para as outras, teremos melhores ganhos”, concluiu a fonte.

 

O BAD é um banco multinacional de desenvolvimento, criado em 1964, do qual são membros 53 países africanos. É financiado por 24 países europeus, americanos e asiáticos. Sua missão é fomentar o desenvolvimento económico e progresso social em África.

 

A instituição está sediada em Abidjan, na Costa do Marfim. Na sua estrutura administrativa conta com um moçambicano, o economista Mateus Magala, que desempenha vice-presidente dos Serviços Institucionais e Recursos Humanos desde Setembro de 2018.

 

O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento inclui também o Fundo Africano de Desenvolvimento (FAD), criado em 1972, e o Fundo Especial da Nigéria, criado pelo estado nigeriano em 1976. (Evaristo Chilingue)

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