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segunda-feira, 11 janeiro 2021 04:35

Banco Central diz que desempenho do sistema financeiro continuou resiliente apesar de adversidades

O Banco de Moçambique (BM) reporta que o desempenho do sistema financeiro moçambicano permaneceu resiliente, eficiente e eficaz durante o primeiro semestre de 2020, apesar de vários desafios enfrentados pelo sector, com destaque para a crise pandémica e insegurança no centro do país e norte da província de Cabo Delgado.

 

“O sector bancário, que domina a provisão de produtos e serviços financeiros, apesar de manter altas taxas de concentração em três instituições de importância sistémica [BCI, BIM e Standard Bank], continua sólido, estável, com níveis adequados de capitalização e de liquidez, ainda que persistam alguns desafios em relação à qualidade dos activos”, reporta o BM em Boletim de Estabilidade Financeira referente ao primeiro semestre de 2020.

 

Publicado em princípios de Janeiro corrente, o Boletim revela que, no final do primeiro semestre de 2020, os referidos bancos de importância sistémica mantiveram, em conjunto, uma posição dominante em termos de níveis de concentração com 65,9% de activos, 70,0% de depósitos e 60,7% de créditos.

 

Activos do sector financeiro

 

Balanço semestral exibido em Boletim mostra que, no primeiro semestre de 2020, os activos do sector bancário ascenderam a 716.091 milhões de Meticais, representando um crescimento de 6,8% e 12,3% em relação a Dezembro e Junho de 2019, respectivamente. O BM explica que esta variação positiva em relação ao período homólogo foi motivada essencialmente pelo aumento dos activos financeiros (20,7%), aplicações em Instituições de Crédito (IC) em 19,5% e activos tangíveis e intangíveis em 15,3%.

 

“De realçar que este incremento do activo foi financiado principalmente pelo aumento dos depósitos. O crédito continua a representar uma parcela substancial do balanço do sector bancário, com o peso de 33,6% (35,3% em Junho de 2019)”, lê-se no informe que temos vindo a citar.

 

Passivos do sector

 

No que respeita ao passivo, a nossa fonte descreve que os depósitos se mantiveram como principal fonte de financiamento das IC, no período em análise, ascendendo a 499.804 milhões de Meticais, representando um aumento de 7,9% e 13,0% em relação a Dezembro e Junho de 2019, respectivamente. Do total dos depósitos, desagrega o Boletim, 355.373 milhões de Meticais estavam representados em moeda nacional (71,1%) e 144.422 milhões de Meticais (28,9%) em moeda estrangeira.

 

“Os capitais próprios do sector bancário totalizaram 125.902 milhões de meticais, representando um incremento de 1,9% e 9,1%, em relação a Dezembro e Junho de 2019. Em relação ao período homólogo, esta variação deveu-se sobretudo à expansão das reservas em 8.271 milhões de meticais (16,5%)”, acrescenta a fonte.

 

Solvabilidade sistémica

 

No que tange à solvabilidade do sector financeiro nacional, o BM relata em informe que o rácio se fixou em 25,4% (29,0% em Dezembro e 24,2% em Junho de 2019), muito acima do mínimo regulamentar (12,0%).

 

“No primeiro semestre de 2020, a carteira de crédito bruto do sector bancário ascendeu a 267.985 milhões de meticais, sendo 201.327 milhões de meticais (75,1%) em moeda nacional e 66.658 milhões de meticais (24,9%) em moeda estrangeira. Em relação a Dezembro e Junho de 2019, esta aumentou em 6,1% e 7,8%, respectivamente. No que tange à performance do crédito, destaca-se o aumento do crédito vencido há mais de 90 dias (NPL), situando-se em 39.933 milhões de meticais, tendo incrementado 37,3% e 38,8% comparativamente a Dezembro e Junho de 2019, respectivamente”, mostra a nossa fonte.

 

Rendibilidade afectada

 

Em Boletim de Estabilidade Financeira, o BM revela que, em consequência do abrandamento da economia moçambicana e da deterioração da qualidade dos activos, devido à crise pandémica, o sector bancário registou uma diminuição dos resultados líquidos em 1.125 milhões de Meticais (12,1%), passando de 9.304 milhões de Meticais em Junho de 2019 para 8.179 milhões de Meticais em Junho de 2020. O BM explica que esta variação se deveu essencialmente ao aumento de imparidades para créditos. (Carta)

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