Após a queda acentuada das receitas de exportações verificada no segundo trimestre deste ano, durante o pico da pandemia, o Banco de Moçambique reporta que nos últimos três meses (Julho, Agosto e Setembro), observou-se um aumento das exportações.
Em Relatório sobre Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação (CEPI), referente a Dezembro, o Banco Central justifica a tendência crescente das exportações, com a recuperação dos preços internacionais das principais commodities, bem como o aumento de quantidades de bens vendidas pelo país ao resto do mundo.
Dos vários produtos de bandeira, consta em CEPI que, no último trimestre, a exportação de barras de alumínio rendeu ao Estado 220 milhões de USD, contra 212 milhões de USD registados no trimestre anterior, de pico da pandemia. Da exportação do carvão mineral, o Estado embolsou 156 milhões de USD em receitas, contra 140 milhões registadas no segundo trimestre. A exportação de energia rendeu 126 milhões de USD, contra 101 milhões registados no trimestre de pico da crise pandémica.
“Entretanto, do lado das importações, realça-se o prevalecente aumento da aquisição de bens de capital (maquinaria) e material de construção, bens que, apesar da Covid-19, mostraram uma relativa rigidez", lê-se no CEPI.
Por consequência desse prevalecente aumento de importações, o Banco de Moçambique relata em informe que a conta corrente continuou a registar défice, que no último trimestre situou-se em 1,384 milhões de USD negativos.
Em termos de prognóstico, para o curto prazo, o Banco Central perspectiva que a economia mantenha a tendência para recuperação gradual, depois de, no terceiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB), registar uma queda menos acentuada (-de -1,09%) contra uma contracção de 3,25% observada no segundo trimestre de 2020.
“Os efeitos adversos da Covid-19 continuarão a condicionar a actividade económica até ao final de 2020, no entanto, em magnitude inferior à observada no III trimestre, tendo em conta o alívio progressivo das medidas restritivas e a contínua melhoria da procura externa. Esta perspectiva está em linha com a contínua melhoria do Índice de Clima Económico (ICE) e do Índice de Produção Industrial (PMI) em Outubro e Novembro, respectivamente bem assim do aumento do crédito à economia”, fundamenta o CEPI.
Quanto ao comportamento de preços num futuro próximo, o Banco de Moçambique perspectiva um ligeiro aumento, depois de, em Novembro último, a inflação anual, medida pela variação do Índice de Preços no Consumidor (IPC), passar de 3,20%, em Outubro, para 3,27%.
A subida de preços no futuro, fundamenta o CEPI, justifica-se pelo término da vigência das medidas administrativas de controlo de preços decretadas no contexto da Covid-19, restrições na circulação de pessoas e bens (instabilidade militar nas zonas centro e norte do país) e aceleração dos preços dos bens alimentares na África do Sul.(Carta)