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segunda-feira, 29 junho 2020 07:06

Banco Mundial no bolso de Celso Correia?

No mandato passado, o FNDS tornou-se num dos principais canais governamentais de recepção da ajuda externa, depois da extinção do Apoio Directo ao Orçamento de Estado devido ao escândalo das dívidas ocultas. Por exemplo, dados de 2017 mostram que só o Banco Mundial injectou perto de 200 milhões de dólares nos projectos do FNDS, através de subvenções, fundos fiduciários globais, empréstimos concessionais, pagamentos baseados no desempenho e a constituição de um novo Fundo Fiduciário de Doadores Múltiplos e Específico para Moçambique (Suécia entrou com 15 milhões de dólares). 

 

Os dados constam de uma publicação conjunta do Governo moçambicano e Banco Mundial, denominada “Gestão Integrada de Paisagens e Florestas em Moçambique”. Na verdade, o FNDS foi a “vaca leiteira” que salvou o primeiro mandato de Filipe Nyusi abalado pelo fecho das torneiras dos doadores, tendo feito várias injecções financeiras, incluindo para evitar o colapso de empresas públicas, como a companhia de bandeira, LAM. Neste mandato, Celso Correia voltará a ser o Ministro que atrai mais financiamento do Banco Mundial para instituições por si tuteladas. Além do FNDS, o recém-criado ADIN poderá atrair cerca de 700 milhões de dólares do Banco Mundial. Em entrevista à Televisão de Moçambique (TVM), esta semana, Mark Lundell, Director do Banco Mundial em Moçambique, disse que se o Governo de Filipe Nyusi apresentar um plano de acções e projectos para o desenvolvimento integrado do norte, a sua instituição vai alocar 700 milhões de dólares, no âmbito da estratégia Fragilidade, Conflitos e Violência. 

 

Numa altura em que o Banco Mundial devia ser mais aberto à participação da sociedade civil na programação das prioridades para Moçambique, foi surpreendente ouvir Mark Lundell a anunciar 700 milhões de dólares para acções de desenvolvimento integrado do norte do país. O CDD defende que o Banco Mundial deve abrir canais de participação pública para permitir maior escrutínio da sua relação com o Governo de Moçambique, evitando-se, deste modo, a repetição de erros do passado, como foi o colapso total da indústria do caju na década de 1990. Se a ADIN permanecer sob tutela de Celso Correia, o financiamento do Banco Mundial para o desenvolvimento do norte de Moçambique será decisivo não só cimentar o poder do “superministro” de Nyusi, mas também para a conquista de alianças dentro da Frelimo no âmbito da sucessão política que se esperava em 2024. (CDD) 

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