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segunda-feira, 17 dezembro 2018 05:30

Marfim apreendido no Cambodja foi roubado em armazém no Niassa

Parte das mais de 3 toneladas de marfim apreendidas na quinta-feira no Camboja, dissimuladas num contentor, foi roubada num armazém em Lichinga, no Niassa, disse à “Carta” uma fonte do sector da conservação em Maputo. A descoberta de 1.026 dentes de marfim no porto de Phnom Penh seguiu uma dica da embaixada dos EUA. O carregamento chegou ao Cambodja no ano passado mas o seu destinatário nunca chegou ao porto para reclamá-lo. "As presas de elefante estavam escondidas entre pedras de mármore num contentor que foi abandonado", disse Sun Chay, diretor do Departamento de Alfândega e Impostos do Porto, à agência de notícias AFP.

Fonte da "Carta" assegurou que o marfim apreendido é parte do que foi roubado no ano passado ao depósito de Lichinga. O marfim chegou ao Cambodja saindo do porto nortenho de Nacala. O roubo no ano passado em Lichinga foi de grande monta. Os dentes, perfazendo 813 kgs, saíram pela porta do contentor mas os ladrões tinham feito um buraco de 30 cm para fazer crer que tinha sido um roubo. Parte dos dentes foi encontrada em Abril num contentor no Porto de Maputo e tinham o mesmo destino, o Cambodja.

 

Relacionado com um roubo no depósito de Lichinga, propriedade da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), foi detido em Novembro, por ordens da procuradoria provincial de Niassa, o ex-chefe dos serviços provinciais da Fauna Bravia, Pedro Vicente, que andava fugitivo. Para além de Vicente estão também detidos 3 agentes do SERNIC, por envolvimento no desvio de parte das peças roubadas do depósito.

 

Dados da ANAC indicam que, desde 2009, Moçambique perdeu pelo menos dez mil elefantes e, só na Reserva do Niassa, a maior área protegida do país, o número total desta espécie passou de 12 mil para 4 400 em três anos, entre 2011 e 2014. Nos últimos anos, a repressão contra a caça furtiva tem aumentado mas ela ainda não ataca toda a cadeia de valor do problema. “Ninguém persegue o caminho das armas e/ou os fluxos financeiros”, desabafou outra fonte reputada do sector da conservação em Moçambique. (Carta)

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