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segunda-feira, 26 agosto 2019 07:18

Auditor manifesta incerteza sobre continuidade dos Aeroportos de Moçambique

É mais um parecer de uma auditoria independente que vem confirmar a situação calamitosa em que se encontram as contas das empresas públicas e/ou participadas pelo Estado. Depois de ter manifestado incertezas em relação à continuidade das operações da empresa pública Petróleos de Moçambique (Petromoc), a Delloite, firma independente de auditoria, voltou a emitir um parecer preocupante, desta vez em torno da situação financeira da empresa pública Aeroportos de Moçambique (ADM).

 

Opinando em relação aos resultados financeiros daquela empresa, no exercício económico de 2018, tornados públicos semana finda, que confirmam o sinal vermelho que caracteriza as contas pelo gestor dos aeroportos e aeródromos do país, a Delloite afirma que o facto de os passivos correntes da ADM excederem os activos correntes “indica a existência de incerteza que pode colocar em dúvida sobre a capacidade da entidade em se manter em continuidade”.

 

Recorrendo ao Balanço, a Deloitte enfatiza que os passivos correntes da ADM (que a 31 de Dezembro passado se situavam nos 5.7 biliões de Mts) excedem em 3.8 biliões de Mts os activos correntes da instituição, que até ao fecho do ano passado eram de 1.8 bilião de Mts.

 

Em comparação com o ano 2017, o auditor demonstra que, no ano passado, a situação agudizou-se. Refere que, em 2017, os passivos correntes (no valor de 6.02 biliões de Mts) da ADM eram superiores aos activos correntes (no valor de 2.7 biliões de Mts) em 3.04 biliões de Mts.

 

A Deloitte. Diz, porém que a continuidade das operações depende da materialização de acções como a realização, pela empresa, de operações lucrativas no futuro. Face ao futuro incerto da ADM, o auditor afirma que o accionista enviou uma carta conforto, através da qual se compromete a apoiar a continuidade das operações da Sociedade. Contudo, “a nossa opinião não é modificada com respeito a esta matéria”, sublinha a firma.

 

No mesmo Relatório e Contas, o Conselho Fiscal da ADM concorda com a opinião da Deloitte por isso que “aqui (…) integralmente reproduzido”.

 

No documento, a ADM justifica que o desempenho financeiro e económico da instituição em 2018 foi influenciado de forma significativa pelo volume de investimento em infra-estruturas aeroportuárias que a empresa tem vindo a realizar nos últimos anos. “Tais investimentos culminaram com a entrada em funcionamento de infra-estruturas modernas e de gabarito internacional, sendo que a 31 de Dezembro de 2018 a construção de outras infra-estruturas ainda se encontrava em decurso”, lê-se no Relatório e Contas.

 

Relatando a análise que faz do desempenho económico e financeiro institucional, a ADM afirma que pelo efeito combinado de crescimento das imparidades de clientes, amortização integral da pista do Aeroporto Internacional de Maputo e depreciação do Metical face às principais moedas de referência, os resultados de 2018 foram afectados, pelo que os resultados líquidos acumulados deterioraram em 19 por cento; os resultados financeiros decresceram em 200 por cento, para além de decrescer em 8 a percentagem dos activos.

 

Da análise financeira, a ADM afirma, igualmente em Relatório, que por causa da depreciação do Metical perante outras moedas de referência, “a posição financeira da empresa (…) pode ser descrita com os seguintes indicadores: crescimento do capital próprio (0 por cento) e crescimento dos empréstimos obtidos em 11 por cento”.

 

Relativamente aos empréstimos, dados fornecidos em Junho passado, pelo Ministro dos Transportes e Comunicações (órgão que tutela a ADM), Calos Mesquita, indicam que a empresa tem uma dívida avaliada em 17 biliões de Mts com a banca nacional, dos quais 820 milhões com o extinto Nosso Banco.

 

Falando em Conselho Coordenador da ADM, havido há dois meses, Mesquita disse ser preocupante “a tendência do elevado endividamento que as contas da empresa apresentam. Como Governo estamos atentos a esta situação, estando a ser dispensada toda a atenção que a situação requer”. Neste sentido, o Ministro instou os gestores da empresa a prosseguir a negociação, com vista à reprogramação da dívida. (Evaristo Chilingue)

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