A Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) colocou em “banho-maria” seus planos para arrecadar fundos para sua porção (2.3 biliões de USD) do projecto de gás de 20 biliões de USD, liderado pela Anadarko Petroleum, numa altura em que o Governo tenta limitar suas vendas de dívida soberana depois do calote do endividamento ilegal há cerca de três anos.
A ENH vai reavivar os esforços para angariar o montante no final do ano, depois que a Anadarko começar a implementar o projecto, disse Omar Mitha, CEO da ENH, numa entrevista à Bloomberg. “Isso ajudará a reduzir o risco e resultar em melhores condições”, disse ele. O governo aprovou já uma garantia para a ENH arrecadar fundos, mas ainda aguarda endossos adicionais da Assembleia da República e da Procuradoria-Geral da República, de acordo com o porta-voz do Ministério das Finanças, Rogério Nkomo.
Aparentemente, aprovações relacionadas à dívida soberana tornaram-se mais rigorosas em Moçambique depois da descoberta do calote pelo FMI em 2016. Mas o perfil do endividamento do governo pode dificultar a ENH na mobilização de dinheiro dos mercados globais, mesmo com uma garantia soberana, disse Darias Jonker, director de África do Eurasia Group. "Faz sentido que eles esperem um pouco e reestruturem a dívida para que o rating de crédito do país possa melhorar e depois refinanciar em termos mais favoráveis", disse Jonker. (Carta)