As empresas do sector privado relataram uma maior deterioração das suas condições no último mês de 2024, tendo a produção e as carteiras de encomendas sido de novo afectadas negativamente por protestos e greves. A procura pelos clientes diminuiu ao ritmo mais elevado em quatro anos e meio, causando reduções adicionais nas aquisições, nos stocks e nos efectivos. A informação consta do relatório do inquérito mensal o Purchasing Managers’ Index (PMI) feito pelo Standard Bank Moçambique.
O PMI caiu para 46,4 pontos em Dezembro, em relação ao registo de 48,4 pontos em Novembro, diminuindo pelo quarto mês consecutivo e atingindo o nível mais baixo desde Agosto de 2020. Os registos do PMI abaixo do valor de referência de 50 sugerem uma contracção mensal consecutiva na actividade económica.
Comentando sobre os resultados do inquérito, o economista-chefe do Standard Bank Moçambique, Fáusio Mussá, disse que os protestos pós-eleitorais que se têm verificado desde 21 de Outubro têm vindo a reprimir a actividade económica, com o PMI de Dezembro a reflectir contracções mensais consecutivas na produção, nas novas encomendas, nos prazos de entrega dos fornecedores e nos stocks de aquisições em resultado de uma redução da procura agregada e interrupções nas cadeias de abastecimento.
Por consequência desse ambiente de negócios desfavorável, Mussá disse que o Standard Bank baixou as suas estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), para 2024, para 2,5% em termos homólogos e as previsões de crescimento para 2025 para 3% em termos homólogos.
“Em 2023, o crescimento do PIB foi de 5,4% em termos homólogos. Isto implica que o crescimento do PIB passa a ser negativo, pelo menos no quarto trimestre de 2024 e no primeiro trimestre de 2025. Eventos ligados às alterações climáticas também podem ter um impacto negativo no crescimento. O ciclone tropical Chido, que atingiu partes do norte de Moçambique, já causou mortes, deslocamentos e danos em infra-estruturas”, acrescentou Mussá.
Contudo, em nome do Standard Bank Moçambique, a fonte diz que mantêm as previsões de inflação de fim do ano para 2025 de 5,8% em termos homólogos, não obstante os riscos para a inflação aumentaram devido a uma maior inflação dos alimentos, bem como a pressões fiscais e cambiais enraizadas.
“As perspectivas agravaram-se acentuadamente devido à tensão pós-eleitoral, ao recuo do crescimento do PIB, à subida da inflação, a pressões fiscais, desequilíbrios entre a procura e a oferta de divisas, episódios recorrentes de insegurança em Cabo Delgado e, consequentemente, atrasos constantes nos investimentos nos projectos de gás natural liquefeito”, concluiu o Economista-chefe do Standard Bank.
O PMI do Standard Bank Moçambique é compilado a partir das respostas aos questionários enviados aos directores de compras de um painel de cerca de 400 empresas do sector privado. O painel é estratificado por sector específico e dimensão das empresas em termos de número de colaboradores, com base nas contribuições para o PIB. Os sectores abrangidos pelo inquérito incluem a agricultura, a mineração, o sector manufatureiro, a construção, o comércio por grosso, o comércio a retalho e os serviços. Os dados foram recolhidos pela primeira vez em Março de 2015. (Carta)