Os professores mantêm-se firmes na decisão de não se apresentar hoje às salas de aula para controlar os exames das 10ª e 12ª classe, em todas as escolas. A decisão foi anunciada há dias e reafirmada no último sábado (30) pela Associação Nacional dos Professores (ANAPRO).
Em causa, refere a organização, está o silêncio do Governo em relação ao pagamento das horas extraordinárias em atraso há mais de três anos, além das sucessivas “mentiras” do Executivo à classe sempre que ameaça entrar em greve.
“Decidimos manter o nosso posicionamento em relação ao boicote dos exames que serão realizados a partir de hoje em todo o país, enquanto o Governo não pagar na totalidade o que deve aos professores. Assim sendo, nenhum professor se fará à sala de aula. Que fique bem claro que isso não é uma ameaça, mas sim uma decisão dos professores, que já estão cansados das mentiras que esse governo vive contando”, disse, à “Carta”, o porta-voz da ANAPRO, Isaque Marrengula.
Para Marrengula, este é o momento ideal para dizer basta a tudo isso e mostrar ao governo que o professor também merece o devido respeito. "Até agora, o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) não nos disse nada sobre esta nossa paralisação, também porque não tem nada a dizer, visto que sabe que a nossa decisão é irreversível e fomos claros no último encontro", frisou.
"Sem o pagamento das horas extras não vamos controlar nenhum exame e o Ministério está ciente de que as mentiras que tem contado já não surtem efeito", repisou
Questionado se os professores realizaram o conselho de notas, Marrengula respondeu que este acabou acontecendo, visto que o anúncio da não realização foi feito numa altura em que boa parte dos professores já havia entregue os resultados às direcções das escolas. Os que ainda não haviam feito não tiveram outra alternativa, senão entregar as pautas.
Sublinhe-se que esta é mais uma greve convocada pelos funcionários e agentes do Estado devido às diversas incongruências que se verificam, principalmente desde a implementação da Tabela Salarial Única (TSU), onde, para esta classe, também ainda não foram feitos os devidos enquadramentos.
O grupo queixa-se sobretudo do pagamento das horas extraordinárias entre 2022 e 2024, o que já levou os professores à paralisação de aulas em vários pontos do país. Os exames do ensino secundário (10ª e 12ª) envolvem 682.405 alunos a nível nacional, que vão decorrer até dia 13 deste mês. (M. Afonso)