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segunda-feira, 01 abril 2024 07:47

ONU vai assistir 1,7 milhão de moçambicanos em 2024

Pelo menos 1,7 milhão de pessoas em Moçambique poderão receber algum tipo de assistência humanitária este ano, concedido pela Organização das Nações Unidas (ONU).

 

Deste número, 1,3 milhão são pessoas de áreas afectadas pelo extremismo violento no norte de Moçambique e 429.623 de outras regiões do país para mitigar os riscos e impactos dos desastres naturais.

 

A informação consta do Programa Humanitário denominado “Necessidades Humanitárias e Plano de Resposta Moçambique 2024” do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) a que a AIM teve acesso.

 

“A resposta cobrirá as áreas com os maiores retornos e também apoiará os deslocados internos que não têm terra ou as pessoas que enfrentam a ameaça de despejo e as áreas que sofreram os danos mais significativos nas infra-estruturas como resultado do conflito”, lê-se no Documento.

 

O programa tem como foco Cabo Delgado, Nampula e Niassa, norte do país, por serem as províncias com “necessidades mais prementes e ao mesmo tempo que exigem a criação de condições que favoreçam os meios de subsistência e o restabelecimento de serviços e meios de subsistência essenciais”.

 

Ainda este ano, os parceiros humanitários irão rever regularmente o ambiente operacional, ao monitorar a segurança, a capacidade das pessoas para retomar a produção agrícola, o funcionamento dos mercados e a reabilitação de serviços públicos, como instalações de saúde e educação, adaptando a resposta em conformidade.

 

“Estima-se que 2,5 milhões de pessoas serão vulneráveis a desastres naturais, nomeadamente chuvas fortes, ventos fortes, ciclones, inundações e secas. As províncias de Gaza, Sofala e Tete estão em risco de seca, tendo já sido desencadeadas acções antecipadas em alguns distritos das três províncias”, aponta o documento.

 

Em 2024, serão reforçadas também as iniciativas de construção de sistemas de acção antecipada sobre secas, ciclones, inundações e cólera para facilitar a expansão de acções antecipadas para salvar vidas e reduzir o impacto dos fenómenos nas pessoas.

 

Em 2023, a ONU assistiu 1,6 milhão de pessoas na região norte de Moçambique, das quais 1,4 milhão em assistência alimentar.

 

A ajuda foi dada como forma de responder à crise provocada pelos efeitos combinados do ciclone Freddy, das inundações e do surto de cólera, organizações humanitárias prestaram assistência directa a 668,000 pessoas.

 

No global, a seca severa e a fome na África Austral deixaram cerca de 20 milhões de pessoas em situação de fome. No Zimbabwe, Zâmbia e Malawi, a situação atingiu níveis de crise. A Zâmbia e o Malawi declararam catástrofes nacionais e o Zimbabwe poderá estar prestes a fazer o mesmo. A seca também atingiu Moçambique e Madagáscar a leste e o Botswana e Angola a oeste. Há um ano, grande parte desta região foi inundada por tempestades tropicais e inundações mortais.

 

Presentemente, o mundo vive um ciclo climático vicioso: amaldiçoado por muita chuva e depois por pouca precipitação, uma história de extremos climáticos que os cientistas dizem que estão a tornar-se mais frequentes e mais prejudiciais, especialmente para as pessoas mais vulneráveis do mundo.

 

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) afirma que existem “crises sobrepostas” de condições meteorológicas extremas na África Oriental e Austral, com ambas as regiões oscilando entre tempestades e inundações e calor e seca no último ano.

 

Embora as alterações climáticas provocadas pelo homem tenham provocado condições meteorológicas mais irregulares a nível global, há algo mais que assola a África Austral este ano.

 

El Niño, o fenómeno climático natural que aquece partes do Oceano Pacífico a cada dois a sete anos, tem efeitos variados no clima mundial.

 

Na África Austral, significa precipitação abaixo da média, por vezes seca, e está a ser responsabilizado pela situação actual. Várias agências humanitárias alertaram no ano passado sobre o desastre iminente.

 

O Presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema, afirmou que 1 milhão dos 2,2 milhões de hectares de milho foram destruídos. No Malawi, o presidente Lazarus Chakwera declarou Estado de Calamidade e pediu 200 milhões de dólares em assistência humanitária, enquanto no Zimbabwe, dos 2,7 milhões de pessoas afectadas nem sequer representam o quadro completo.

 

O PMA disse que está em curso no Zimbabwe uma avaliação das colheitas a nível nacional e as autoridades “temem” os resultados, sendo provável que o número de pessoas que necessitam de ajuda aumente vertiginosamente.

 

O Sistema de Alerta Prévio sobre Fome da USAID estimou que 20 milhões de pessoas necessitariam de ajuda alimentar na África Austral nos primeiros meses de 2024. Com o fracasso da colheita deste ano, milhões de pessoas em Moçambique, no Zimbabwe, no sul do Malawi e em Madagáscar não conseguirão alimentar-se adequadamente até 2025.

 

Muitos simplesmente não conseguirão essa ajuda, uma vez que as agências de ajuda também têm recursos limitados no meio de uma crise global de fome e de um corte no financiamento humanitário por parte dos governos. (AIM/AP)

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