A empresa pública Petróleos de Moçambique (PETROMOC) continua com contas no vermelho. O agravante é que, nos últimos três anos, os lucros da empresa tendem a cair exponencialmente. Por conta dessa situação, os auditores independentes têm vindo a criticar as contas da PETROMOC. É o caso da KPMG que, em Relatório e Contas da PETROMOC referente a 2022, voltou a emitir uma opinião com reservas em relação a uma dívida do fundo de pensões, no montante de 666.6 milhões de Meticais.
“A Empresa tem um passivo não corrente do fundo de pensões-benefícios definido no montante de 666 615 290 Meticais cuja avaliação ainda não tinha sido concluída em 31 de Dezembro de 2022. Não foi possível obter evidência suficiente e apropriada para sustentar a responsabilidade registada em 31 de Dezembro de 2022. Esta mesma questão levou à qualificação das demonstrações financeiras de 31 de Dezembro de 2021. Consequentemente, não nos foi possível determinar se seriam necessários quaisquer ajustamentos às demonstrações financeiras, tanto para o exercício corrente como em relação aos saldos de abertura”, lê-se no relatório da KPMG.
No Relatório e Contas referente ao ano de 2020, a Deloitte (outra empresa de auditoria) também expressou, no seu relatório, uma opinião com reservas sobre a mesma dívida do fundo de pensões.
A queda contínua dos lucros é outro factor que mancha as contas da PETROMOC. Em 2022, o lucro da empresa foi de 198.1 milhões de Meticais contra 901.4 milhões; 2 mil milhões de Meticais conseguidos em 2021 e 2020 respectivamente, depois de, em 2019, registar um prejuízo de 1.8 mil milhões de Meticais.
Enquanto isso, os passivos (obrigações ou despesas e dívidas) da empresa tendem a crescer e continuam acima dos activos (todos os valores que a PETROMOC possui em caixa, conta bancária, aplicações, valores ainda por receber de clientes, stocks, equipamentos, entre outros). Se em 2020 o passivo da PETROMOC era avaliado em 26.4 mil milhões de Meticais (contra 25.1 mil milhões em activos), em 2021 e 2022 as despesas e dívidas da empresa cresceram ainda mais, tendo atingido 27.8 mil milhões (contra 27.1 mil milhões em activos) e 32.1 mil milhões (contra 31.6 mil milhões em activos), respectivamente. (Evaristo Chilingue)