O Banco de Moçambique diz que, no segundo trimestre, o endividamento interno continuou a pressionar as contas públicas. Dados constantes no relatório da Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação (CEPI), divulgado recentemente pelo Banco Central, indicam que a dívida interna do Estado incrementou, em termos acumulados até Junho, de 29.3 biliões de Meticais, para 248.2 biliões de Meticais.
De acordo com o relatório, a pressão sobre a dívida aconteceu numa altura em que o mercado financeiro foi caracterizado por altas taxas de juro, o que resultou numa maior procura e subscrição de Obrigações do Tesouro, cuja preferência pelos bancos comerciais suga o financiamento à economia e às famílias.
Por consequência da maior procura por Obrigações de Tesouro, o crédito à economia cresceu lentamente no segundo trimestre de 2022, embora o Banco de Moçambique não mencione esse facto directamente, nem apresente números da fraca evolução de empréstimos bancários aos empresários e famílias.
“O crescimento tímido do crédito ao sector privado continua a condicionar a recuperação do consumo e investimentos deste sector, que poderão crescer a um ritmo mais brando em relação às outras componentes da procura agregada e com um impacto reduzido na inflação”, lê-se no CEPI.
Entretanto, o Banco de Moçambique espera que a venda de Obrigações de Tesouro reduza com a retoma de financiamento ao Orçamento do Estado de alguns parceiros de cooperação, como é o caso do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. “Espera-se que, a médio prazo, a entrada de fundos de parceiros para o apoio directo ao Orçamento do Estado contribua para aliviar a pressão sobre as fontes internas de dívida pública”, conclui a fonte. (Carta)