Desde a sua eclosão em finais de 2019, na China, a pandemia da Covid-19 tem sido um ciclone económico global, em particular para África. Dados do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) indicam que o continente registou um declínio no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2.1%, em 2020, o mais baixo em vinte anos.
Em termos de números absolutos, a instituição calculou que o PIB de África caiu em 165 biliões de USD (de um total de 7.7 triliões de USD). Além disso, o BAD constatou que, por consequência da pandemia, mais de 30 milhões de empregos foram perdidos e mais de 26 milhões de pessoas (de um total de 1.3 bilião) caíram na pobreza extrema.
Divulgados há dias pelo residente do BAD, Akinwumi Adesina, indicam que, em face da pandemia, os governos de países africanos conseguiram, até princípio deste 2022, vacinar totalmente e parcialmente 11% e 16% da população do continente. Entretanto, com vista a reforçar a capacidade de luta contra a pandemia, Adesina apontou que África precisa de 600 milhões a 1.3 bilião de USD para atingir o seu objectivo de produção de 60% de vacinas até 2040, pois, no seu entender, investir na saúde é investir na segurança nacional.
Falando em Adis Abeba, na 35ª Sessão Ordinária da Assembleia da União Africana, a fonte avançou que a instituição que dirige planeia investir 3 biliões de USD para apoiar a capacidade farmacêutica e de fabrico de vacinas em África.
“Para enfrentar os impactos sócio-económicos da pandemia e apoiar a recuperação económica, África precisará de cerca de 484 biliões de USD ao longo dos próximos três anos. Para eliminar a pobreza extrema até 2030, o continente precisará de 414 a 784 biliões de USD por ano. África precisará de 7 a 15 biliões de USD por ano para lidar com as mudanças climáticas. O continente precisará também de entre 68 e 108 biliões de USD por ano para corrigir o défice de financiamento de infra-estruturas”, detalhou Adesina.
Falando diante de vários Chefes de Estados, aquele gestor financeiro acrescentou ainda que o BAD, como principal instituição de financiamento do desenvolvimento em África, tem vindo a mobilizar recursos para responder a este desafio. Lembrou que, graças ao apoio de vários Governos, o capital social do Banco foi aumentado em 2019 em 125%, passando de 93 biliões para 208 biliões de USD, o valor mais elevado desde a sua criação em 1964.
“Estes recursos permitiram ao BAD escalar o apoio às economias africanas para enfrentar a pandemia. O gestor informou ainda que o Conselho de Administração do Banco aprovou um Mecanismo de Resposta a Crises de até 10 biliões de dólares”, afirmou Adesina. Além daquele montante, a fonte informou que o Banco lançou também um título de dívida social Covid-19 no mercado internacional de capitais no valor de 3 biliões de USD, que foi a maior obrigação social de sempre denominada em dólares americanos na história mundial. Ainda no âmbito da pandemia, o gestor disse que o BAD forneceu subsídios de 27 milhões de USD aos Centros Africanos de Controlo de Doenças. (Evaristo Chilingue)