Chaná é um dos mais inventivos artistas da novíssima geração. Um dos mais dotados e, no entanto, um dos mais humildes. Digo humilde e emprego esta locução no melhor e mais alto sentido da mesma. Sabe do seu ofício e sabe da sua singularidade, mas não se perde na soberba. Cerebral e intuitivo, é ainda um dos nossos criadores mais profícuos e proficientes. Tudo isto subsídio da sua técnica, com o seu traço e com aquilo que ele transmite ou significa. O seu traço é único. As suas cores também. As técnicas, quase sempre miscelânea das mesmas, idem. Tintas naturais, aquarelas e acrílicos.
A vida, o seu sentido e significado, a sua explicação ou o seu milagre – avultam na sua obra cordões umbilicais –, o seu assombro ou a sua dádiva são um tema recorrente da sua pintura. Há sempre nas suas telas cordões, sequências, linhas, cordéis, fios, vínculos. O seu génio criativo parece ater-se a essa procura, a essa busca quase obsessiva: de ligar, ajustar, direccionar, dar um sentido ou significado a essas formas, figuras ou composições, essa busca de sintonia, de sincronia, de frequência e uniformização, com técnicas das mais diversas, cores e traços, às vezes ténues, outras tantas fortes e intensas, que são, no fundo, as linhas da vida, afirmação da procura do entendimento desse destino que a existência, desde o nascimento à morte, se nos impõe.
(De 20 de Julho a 13 de Agosto na Fundação Fernando Leite Couto)