Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

4 de Fevereiro, 2025

Duzentos reclusos fogem de cadeia distrital em Gorongosa

Escrito por

Um total de 200 reclusos evadiram-se ontem da cadeia distrital de Gorongosa, na província de Sofala, disse à Lusa o administrador local, que responsabiliza um grupo de manifestantes que protestava contra o custo de vida.

 

A evasão ocorreu por volta das 09h00, após a Polícia repelir um grupo de moto-taxistas e garimpeiros que tentava juntar-se para protestar contra o elevado custo de vida, disse à Lusa Pedro Mussengue, administrador do distrito de Gorongosa, na província de Sofala, centro de Moçambique.

 

Pedro Mussengue afirmou que esses indivíduos se dirigiram depois à cadeia distrital e “fizeram com que os reclusos saíssem”. “Fomos lá para conversar com eles e eles alegaram que o custo de vida estava muito alto”, disse.

 

Segundo a fonte, apesar de alguma agitação pela manhã, o ambiente estava calmo no período da tarde e, avançou, não houve qualquer detido.

 

“Estamos a apostar na sensibilização das pessoas (…), porque os ânimos e a emoção levam-nos ao mau ambiente (…). Não houve necessidade de prender ou balear pessoas (…). As Forças de Defesa e Segurança, com toda mestria, conseguiram amainar os ânimos”, declarou.

 

Moçambique atravessa desde outubro uma crise pós-eleitoral, com protestos e paralisações que têm culminado em confrontos violentos entre polícia e manifestantes, que rejeitam os resultados das eleições de 09 de outubro e protestam contra outros problemas sociais, com pelo menos 315 mortos e cerca de 750 pessoas feridas a tiro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.

 

Este não é o primeiro caso em que as autoridades moçambicanas responsabilizam os manifestantes pela evasão de reclusos.

 

No dia 25 de dezembro, 1.534 reclusos fugiram, após rebeliões nos estabelecimentos Penitenciário Especial da Máxima Segurança e Provincial de Maputo, localizados a mais de 14 quilómetros do centro da capital moçambicana, Maputo.

 

Na altura, o então comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, considerou que se tratou de “uma ação premeditada” e da responsabilidade de manifestantes pós-eleitorais que, desde outubro, estão na rua protestando contra os resultados das eleições gerais.

 

“Fazendo barulho, nas suas manifestações, exigindo que pudessem retirar os presos que ali se encontram a cumprir as suas penas”, descreveu Bernardino Rafael, acrescentando que esta ação provocou agitação no interior da cadeia, o que levou ao desabamento de um muro, propiciando a fuga, apesar da “confrontação imediata” com os guardas prisionais.

 

No mesmo dia, segundo a polícia, rebeliões similares foram registadas na Cadeia de Manhiça, norte da província de Maputo, onde os manifestantes libertaram os presos, e na Cadeia de Mabalane, que registou uma tentativa de fuga. (Lusa)

Sir Motors

Ler 1.392 vezes