Continua aceso o debate sobre a natureza da entidade que será responsável pela emissão da carteira profissional do jornalista, um instrumento há muito clamado por esta classe profissional. Ontem, num debate virtual organizado pelo MISA-Moçambique que versava sobre a carteira profissional do jornalista no país, o jornalista e PCA da Mediacoop, SA, o mais antigo grupo de media privado em Moçambique, Fernando Lima, defendeu a necessidade de a entidade que for confiada esta missão ser independente do Governo e do partido Frelimo, de modo a garantir liberdade no exercício desta profissão.
“Se eu for interrogar os membros do Sindicato Nacional de Jornalistas vão dizer que são muito independentes e tomam decisões muito independentes. Ora, toda a gente se vai rir porque isso não é verdade, porque todos sabem que a obediência partidária do Sindicato e, portanto, qualquer orientação directiva que saia deste Sindicato é, à partida, recebida com desconfiança”, explica.
Embora reconheça a necessidade de se definir quem é ou não é jornalista, Lima entende que quem atribui o documento não pode ser o mesmo que retira, pois, estaríamos perante “um beco sem saída”. “Nomeadamente, se a mesma entidade que me dá uma carteira profissional, amanhã retira-me essa carteira profissional e pura e simplesmente diz que eu não posso exercer a profissão, isto significa que estamos aqui na presença de um beco sem saída”, disse.
Por isso, defende a necessidade de se criar uma instituição que saia do seio das empresas de comunicação social e não do Governo e nem das instituições da comunicação social controladas pelo Governo, como é o caso do Conselho Superior da Comunicação Social, um órgão decorativo. (Marta Afonso)