A maior unidade sanitária do país, o Hospital Central de Maputo (HCM), encontra-se com défice de sangue, o que poderá agravar o estado de saúde de alguns pacientes. A informação foi partilhada pela Directora Clínica, Farida Urci, na última sexta-feira, durante o briefing à imprensa, sobre a situação actual daquele hospital.
Segundo Urci, a quantidade de sangue existente neste momento não é a ideal, tendo em conta que o hospital não tem recebido dadores nos últimos dias por conta da Covid-19. “Estamos com um problema em relação ao banco de sangue porque, com esta terceira vaga, o número de dadores voluntários que, normalmente, vinham ao hospital para doar sangue baixou bastante, o que pressupõe que dentro em breve vamos começar a ter problemas”, disse.
“Ate à semana passada tínhamos uma média de 660 unidades de sangue e estávamos muito bem, mas na última quinta-feira já estávamos com (apenas) cerca de 440 unidades. E porque o sangue é algo que se consome todos os dias, o ideal para estarmos mais ou menos bem seria termos 600 unidades por dia. Neste momento, estamos a trabalhar com familiares que estão a doar sangue para os parentes doentes ou para repor o que já foi usado pelos mesmos”, explicou.
Entretanto, a Directora Clínica lança um apelo aos dadores do líquido precioso para não desanimarem porque o banco de sangue está a criar condições para que a doação de sangue seja feita seguindo todas as normas de prevenção. “Não vão correr o risco de apanhar a Covid-19 dentro do banco de sangue porque dentro em breve – mais ou menos daqui a uma semana – iremos ter aqui problemas de sangue, o que poderia fazer com que alguns pacientes que aparecem com anemias agudas graves perdessem a vida”.
Na mesma ocasião, Farida Urci disse ainda que o HCM já esgotou a sua capacidade de internamento e que, em alguns casos, teve de fazer arranjos para acomodar os doentes internados com Covid-19.
“Neste momento temos 53 doentes internados, sendo que a enfermaria de trânsito da Covid-19 tem capacidade para 40 doentes e a tenda onde são recebidos os pacientes têm mais 10 camas. Assim, tivemos de acrescentar mais três camas e estamos a ver um mecanismo de transferir alguns doentes para o Hospital de Mavalane ou para o da Polana Caniço, em função de sua gravidade e da capacidade de resposta das vagas existentes nesses locais”, explicou.
E em relação aos pacientes, vítimas do acidente de Maluana, Urci explicou que, dos 11 que ainda se encontravam internados, três já tiveram alta clínica e os outros estão a responder bem ao tratamento. (Marta Afonso)