“Nós pretendíamos apresentar o referido cidadão, mas, por questões de segurança, não será possível. Devem ter tido conhecimento que é um indivíduo muito perigoso”. Assim começava Leonardo Simbine, Porta-voz do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), a sua conferência de imprensa, convocada com o intuito de apresentar o narcotraficante brasileiro Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como “Fuminho”, detido esta segunda-feira, em Maputo.
Procurado pela justiça brasileira, desde 1999, quando fugiu do sistema penitenciário daquele país sul-americano, “Fuminho” era alvo de um mandado de captura internacional, porém, Leonardo Simbine avançou que a sua extradição para a chamada “terra do Samba” não será imediata, pois, cometeu alguns crimes, no território nacional, pelos quais terá de responder. Findo este processo, afirma a fonte, é que se poderá avaliar a possibilidade para sua extradição.
Segundo o porta-voz do SERNIC, “Fuminho” foi detido “no âmbito do combate ao crime transnacional” e a detenção “foi protagonizada por agentes do SERNIC, no âmbito do trabalho operativo secreto que vem desenvolvendo, visando combater o crime organizado transnacional, sobretudo o narcotráfico”. Entretanto, sublinhou que contou com a colaboração da Polícia Federal Brasileira, da DEA e da Interpol.
Simbine descreveu, em poucas palavras, quem é “Fuminho”: “Um barão da droga, cadastrado, indiciado pela prática de diversos crimes e procurado pelas autoridades brasileiras há cerca de 21 anos, sendo que recaía sobre ele um mandado de captura internacional”.
Lembre-se que “Fuminho” foi detido na última segunda-feira, numa estância hoteleira da cidade de Maputo, na companhia de mais dois comparsas de nacionalidade nigeriana. No momento da detenção, confirma Simbine, foram encontrados na sua posse dos três indivíduos três passaportes (dois nigerianos e outro brasileiro, este último em nome de Luís Gomes De Jesus – documento falso), 100 gr de cannabis-sativa (suruma), 15 telemóveis de diversas marcas, cinco malas de viagem, uma pasta, uma viatura e respectiva chave, três relógios e dinheiro (34.700,00 Mts e 5.040 Randes).
Neste momento, garantiu Leonardo Simbine, decorrem démarches processuais para termos subsequentes.
Questionado pela “Carta”, que nível de negócio “Fuminho” movimentava no país, o porta-voz do SERNIC respondeu que as autoridades ainda estavam a investigar, pois, o indivíduo só terá entrado no país, em Março, apesar de o mandado de captura ter sido recebido há dois anos.
No entanto, Elvis Secco, Delegado da Polícia Federal do Brasil, em entrevista à televisão brasileira Band News, nesta segunda-feira, disse que o país espera que Moçambique expulse rapidamente “Fuminho” por tráfico de drogas e posterior extradição para o Brasil, onde irá responder por vários crimes, entre eles, assaltos à mão armada encomendados por ele, narcotráfico e outros crimes.
Segundo Secco, no momento, as autoridades de justiça brasileira estão a rastrear as propriedades e as ligações económicas e políticas de “Fuminho” em todos os países, onde terá vivido nos últimos 21 anos. (O.O.)