Foi através de um comunicado, recebido ontem na nossa redacção, que a Livaningo, uma organização da sociedade civil que trabalha na área de conservação ambiental, disse ter acompanhado com preocupação a concessão de praias de Inhambane à empresa Savannah, em parceria com Rio Tinto, na dimensão de 400 quilômetros quadrados (equivalente a um quarteirão de 20 km de cada lado) para extrair os minérios, vulgarmente chamados de areias pesadas: titânio e zircão.
A Livaningo afirma: “a concessão inclui 20 km da Estrada Nacional Nº 1 entre Inharrime e Maxixe, bem como parte da estrada de ligação entre Jangamo e Inhambane. O exercício de exploração de áreas pesadas nas zonas costeiras implica dragagem e filtração das areias para posterior separação dos minérios pretendidos”.
Indo mais, a organização diz: “o processo origina crateras e destrói dunas que têm a função de proteger a costa da invasão da água do mar, além do grande valor em termos de biodiversidade. Igualmente, afirma a Livaningo, este tipo de exploração pode causar diversos tipos de impactos ambientais aos ecossistemas marinhos e costeiros, principalmente devido à destruição de habitats, que é um dos principais factores que causam o declínio do número de espécies em todo o mundo. Para além de interferir directamente no fundo do mar”.
“As actividades de mineração podem causar um aumento da turbidez da água, com consequências para a produtividade primária local. Também podem provocar a erosão dos solos, introduzir e promover a liberação de nutrientes, causando a eutrofização e também a introdução de substâncias tóxicas, que quando incorporadas à biota, alteram o crescimento, a taxa de reprodução e a sobrevivência das espécies”, refere o comunicado.
De acordo com a informação que consta no comunicado “todos esses impactos trazem implicações sérias para vida económica e social das populações que vivem na zona costeira, pois o turismo, a pesca, a agricultura e a pecuária fazem parte dos principais meios de subsistência da população da costa de Inhambane. Inhambane é uma das províncias do país mais cotadas no panorama turístico de alta qualidade, proporcionada por uma larga costa com 700 km e terras do interior”.
Segundo dados da Direcção Provincial da Cultura e Turismo em Inhambane, 122 mil estrangeiros visitaram em 2018 a região, gerando cerca de dois milhões de euros para os cofres do Estado. Muitos deles estavam à procura das mais belas praias do mundo para a prática de diferentes tipos de turismo, como o turismo de sol, do mar e o turismo náutico.
A Livaningo avança que um projecto de exploração de areias pesadas na zona costeira de Inhambane compromete sobremaneira todo este potencial turístico e ambiental que a zona costeira de Inhambane oferece e cria um impacto visual forte, pois as belas paisagens e ambiente deixam de existir para dar lugar a crateras e falta de vegetação. Outrossim, implicará a perda de oportunidades económicas e meios de subsistência de mais de 2,800 mil famílias pescadoras e camponesas. (Carta)