Os partidos políticos devem reflectir sobre o uso das redes sociais. Esta é uma das conclusões que consta no relatório sobre “eleições gerais de 2019, em Moçambique, nas redes sociais” apresentado, esta quinta-feira, em Maputo, pelo Instituto Eleitoral para Democracia Sustentável na África (EISA) em Moçambique, no âmbito da conferência sobre media e eleições nas redes sociais, organizado pelo Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA), Sindicato Nacional dos Jornalistas (SNJ) e Centro de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (CEC).
Egídio Guambe, em representação do EISA, disse que o país está a passar um grande “boom” nas comunicações digitais, porém, durante as eleições, revela o estudo, verificou-se que as redes sociais mais usadas foram o Facebook e Youtube, sendo apenas 1% da população é que usa o Twitter. Grande parte dos cidadãos usa o WhatsApp como aplicativo de mensagem.
Guambe explicou que 8% da população é que usa o Facebook, sendo que 64% são homens. Porém, 44% dos usuários é que são mais activos. O estudo do EISA avança ainda que, de meados de Agosto a 15 de Outubro de 2019, o partido Frelimo teve 80 mil seguidores na sua conta do Facebook, a Renamo conseguiu 20 mil, enquanto o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) conta com 22.800 seguidores numa conta e noutra (MDM – Gabinete de Informação) regista 12.500 e AMUSI com 800.
O estudo do EISA afirma que, durante a campanha, a Frelimo tinha mais mensagens direccionadas e profissionais do que os partidos da oposição que muitas vezes se apoiavam na partilha de conteúdos de activistas. Já no Youtube, onde foram analisados 219 vídeos e 504 comentários, verificou-se que, no intervalo de tempo acima mencionado, registaram-se 1.4 milhão de visualizações, tendo a Frelimo somado 1.700 visualizações e os canais das Televisões Miramar e de Moçambique e um canal, denominado “Quelimane 24”, pertencente ao Edil de Quelimane, Manuel De Araújo.
EISA diz ter analisado 4.442 mensagens de WhatsApp, de quatro grupos, onde circulavam 150 mensagens por dia e foi nesta rede onde decorreram vários debates e denúncias sobre ilícitos eleitorais.
Nesta senda, o EISA entende haver evidências de uma comunidade emergente de líderes e comentadores nacionais da sociedade civil a usarem o Twitter e que o envolvimento do público com os partidos políticos regista-se mais no Facebook em detrimento de outras redes sociais, embora dentro do partido Frelimo existam pessoas com mais influência nas redes sociais que o partido em si.
Acrescentando, Egídio Guambe explicou que quem tem acesso ao Facebook, em Moçambique, continua a ser uma classe média-alta, assim como o Twitter. Em reacção às apresentações dos oradores, Lutero Simango, Chefe da bancada parlamentar do MDM, na Assembleia da República, por sinal o único partido com assento parlamentar presente no evento, disse que “as máquinas políticas partidárias são muito complexas. Às vezes, temos de observar certas forças internas”.
Simango reconheceu que “não dominamos a técnica porque não temos conhecimento”, porém, sublinhou que os partidos registam falta de recursos humanos e financeiros. Lutero Simango prometeu apresentar os dados colhidos pelo EISA aos seus colegas, de modo que o seu partido se possa reinventar. (O.O.)