O último tripulante dado como desaparecido na sequência do naufrágio de uma embarcação de resgate em Cabo Delgado, norte de Moçambique, foi encontrado morto na segunda-feira, disse ontem fonte da Administração Marítima de Cabo Delgado.
"Quando o nível das águas baixou, conseguimos ver o corpo. Ele foi encontrado encalhado numa árvore que estava dentro da água", disse Felizardo Marune, da Administração Marítima de Cabo Delgado, citado pela TVM. Trata-se de um marinheiro afeto à Administração Marítima de Cabo Delgado desde 1992 e que possuía vasta experiência, explicou Felizardo Marune.
A embarcação levava oito pessoas e naufragou em 30 de dezembro, quando estava em operações de resgate e assistência de famílias afetadas pelo mau tempo em Cabo Delgado, disse à Lusa a delegada do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) em Cabo Delgado, Elisete da Silva.
Entre os ocupantes, estava o diretor-geral regional do INGC e o administrador do distrito de Quissanga, ambos resgatados com vida no mesmo dia do naufrágio, juntamente com outras quatro pessoas.
Com o corpo recuperado na segunda-feira, confirma-se a morte de duas pessoas neste naufrágio, tendo em conta que um primeiro corpo foi encontrado na semana passada.
Nove distritos da província de Cabo Delgado permanecem isolados há pouco mais de uma semana na sequência do desabamento de uma ponte sobre o rio Montepuez, na Estrada Nacional 380. A travessia agora está a ser feita por embarcações, numa altura em que as autoridades procuram assistir as pessoas afetadas pelo mau tempo, que são estimados em cerca de 10 mil no norte daquela província.
No domingo, o Governo moçambicano anunciou que vai reabilitar, em duas semanas, estradas alternativas que liguem o centro e o norte de Cabo Delgado.
Trata-se dos troços Montepuez e desvio Nguia, que estão debilitados, mas que são alternativas ao ponto interrompido há pouco mais de uma semana na Estrada Nacional 380.
Moçambique emitiu um alerta laranja para todas as províncias do país, como forma de acelerar a mobilização de recursos para a assistência a vítimas e à reposição de danos, tendo em conta que a época chuvosa no país só termina em abril.
Em abril, alguns pontos da província de Cabo Delgado foram atingidos pelo ciclone Kenneth, que causou a morte a 45 pessoas e afetou outras 250 mil. Um mês antes da passagem do Kenneth, o centro de Moçambique foi devastado pelo ciclone Idai, que provocou mais de 600 mortos e afetou cerca de 1,5 milhões de pessoas no centro do país, além de destruir várias infraestruturas.
Entre os meses de novembro e abril, Moçambique é ciclicamente atingido por ventos ciclónicos oriundos do Índico e por cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral. No total, 714 pessoas morreram durante o período chuvoso em 2018/2019, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth.