Apesar dos esforços empreendidos na área da saúde materno-infantil em vários países, o mundo registou, em 2018, a morte de uma grávida ou de um recém-nascido a cada 11 segundos, de acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), divulgados, na última semana, pela ONU News.
De acordo com os dados, citados pela ONU News, mais mulheres e recém-nascidos estão a conseguir sobreviver numa escala sem precedentes, uma vez que as taxas de mortalidade materno-infantil estão em constante descida, desde 2000.
Para o caso da África Subsaariana, os níveis de mortalidade materna são quase 50 vezes superiores do que nos países desenvolvidos. Já os dos recém-nascidos são 10 vezes superiores. Em 2018, uma em cada 13 crianças na África Subsaariana morreu antes de atingir os cinco anos, o que é 15 vezes superior ao risco existente na Europa, onde as estatísticas referem a morte de uma em cada 196.
Para as mulheres, revelam os dados, uma em cada 137 mulheres na África Subsaariana corre o risco de morrer, enquanto na Europa a estatística indica uma em cada 6500. Segundo o estudo, a África Subsaariana e o Sudeste Asiático representam cerca de 80 por cento das mortes de grávidas e de crianças.
Entretanto, a pesquisa aponta alguns países que apresentam progressos substanciais na redução da mortalidade materno-infantil, como os casos de Bielorrússia, Camboja, Timor-Leste, Bangladesh, Cazaquistão, Malawi, Marrocos, Mongólia, Ruanda e Zâmbia.
“Para melhorar o acesso aos serviços de saúde é necessário uma vontade política”, diz a ONU News, citando o estudo.
Desde o início do milénio, a morte de recém-nascidos desceu para quase metade, enquanto a das grávidas diminuiu em mais de um terço, avança o relatório. Estas alterações, segundo o estudo, devem-se maioritariamente a melhorias no acesso à saúde, assim como à qualidade dos serviços de saúde.
“Em países que dispõem de serviços de saúde seguros, comportáveis e de grande qualidade, as mulheres e os respectivos bebés estão a sobreviver e a prosperar. Isto é o poder de uma cobertura de saúde universal”, afirma o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado pelo órgão oficial da ONU.
Apesar disso, as estimativas revelam que 6,2 milhões de crianças menores de 15 anos morreram, em 2018, e que, em 2017, mais de 290.000 mulheres morreram devido a complicações durante a gravidez ou na altura do parto. Das 6,2 milhões de crianças que morreram, 5,3 milhões morreram nos primeiros cinco anos de vida.
O estudo, publicado pela ONU News, aponta ainda que as mulheres e os recém-nascidos estão mais “vulneráveis” imediatamente depois do nascimento. Estima-se que 2,8 milhões de grávidas ou bebés tenham morrido em alguma parte do mundo, em 2018. Ou seja, uma morte a cada 11 segundos. As crianças enfrentam o maior risco de morte durante o primeiro mês de vida, especialmente se nascem prematuras ou demasiado pequenas, refere o mesmo documento.
As duas agências da ONU salientam que cerca de um terço destas mortes ocorrem nos primeiros dias de vida e que os restantes quase três quartos até ao final da primeira semana. “Em todo o mundo, o nascimento de uma criança é motivo de celebração. No entanto, a cada 11 segundos, o nascimento de uma criança é uma tragédia familiar”, explica a directora executiva da UNICEF, Henrietta Fore, também citada pela ONU News.
A responsável da UNICEF salienta que “um par de mãos especializado” pode fazer a diferença entre a vida e a morte, nomeadamente, ajudar as mães durante a gravidez e parto, água limpa, nutrição adequada ou vacinas básicas. E acrescenta: “temos de fazer o que for necessário para investir numa cobertura universal na área da saúde para salvar vidas preciosas”, concluiu. (Marta Afonso)