O Papa Francisco considera que por detrás da exploração do meio ambiente, do desmatamento e da destruição da biodiversidade está a corrupção.
O Papa argentino falava na noite de terça-feira durante uma conferência de imprensa a bordo do avião quando regressava de uma viagem de 10 dias a Moçambique, Madagáscar e Ilhas Maurícias.
"A maior exploração que ocorre hoje, não apenas em África, mas em todo o mundo, é no meio ambiente, com o desmatamento e a destruição da biodiversidade, tão necessária para a humanidade", denunciou.
Perante a pergunta se os governantes estão a fazer o necessário para proteger o meio ambiente de incêndios como os registados na Amazónia, o chefe da Igreja Católica respondeu: "Alguns, outros menos".
"Há uma palavra que devo dizer que está na base da exploração ambiental... E a palavra feia é corrupção", disse referindo que isso acontece na África, na América Latina, na Europa e em qualquer lugar".
O próximo Sínodo dos Bispos, que decorre no Vaticano de 06 a 27 de Outubro, é sobre a Amazónia, e deverá abordar, entre outros temas, os problemas ambientais, nomeadamente as consequências da exploração da floresta e dos recursos hídricos.
Ainda durante a viagem de regresso da sua visita a Moçambique, Madagáscar e Maurícias, o papa admitiu o risco de um “cisma” na Igreja Católica, lamentando o comportamento de algumas pessoas que “apunhalam pelas costas”.
Segundo o Papa sempre houve cismas na Igreja, tanto depois do Concílio Vaticano I quanto do Concílio Vaticano II, uma vez que "sempre existe a opção cismática na Igreja. É uma escolha que o Senhor deixa para a liberdade humana".
"Não tenho medo de cismas. Oro para que não ocorram, porque a saúde espiritual de tantas pessoas está em jogo" e acrescentou que “o caminho do cisma não é cristão".
Segundo a agência de notícias Ecclesia, Francisco realçou que as críticas ao seu pontificado não se limitam a sectores católicos norte-americanos, mas “existem um pouco por toda a parte, mesmo na Cúria Romana”.
“Fazer uma crítica sem querer ouvir a resposta e sem fazer o diálogo é não amar a Igreja, é seguir atrás de uma ideia fixa, mudar o Papa ou criar um cisma”, advertiu.
Segundo o pontífice, um cisma “é sempre é uma separação elitista provocada por uma ideologia separada da doutrina”.
Francisco tem sido criticado por alguns bispos e parte de um sector conservador da Igreja por algumas ideias expressas nos seus documentos e que até foram rotuladas como heresias.
"Pelo menos, aqueles que dizem isso têm a vantagem da honestidade. Não gosto quando as críticas são feitas debaixo da mesa, sorriem e depois apunhalam sua adaga por trás. Isso não é leal, não é verdade", acrescentou.
O Papa acrescentou que os seus pensamentos sociais são os mesmos de João Paulo II. (Lusa)