Foram lançadas, esta quarta-feira, 28 de Novembro, em Maputo, duas obras literárias da autoria de Ricardo Barradas, nomeadamente “Ilha de Moçambique, estórias da sua história” e “Memória dos elefantes de Moçambique”, cuja edição contou com o apoio da Gapi-Sociedade de Investimentos. A primeira obra representa um contributo para as comemorações dos 200 anos de elevação da Ilha de Moçambique à categoria de cidade, enquanto a segunda faz alusão à forma como o comércio do marfim foi, para além do comércio do ouro e dos escravizados, um importante motor do desenvolvimento de Moçambique; o massacre de elefantes e respetiva violenta agressão ambiental, ocorrida no nosso País, especialmente nos séculos XVII e XVIII.
Ricardo Barradas contou que começou a escrever a “Memória dos Elefantes” há, sensivelmente, seis anos, quando começou a ter pretensões de ser escritor. “Apercebi-me que em Moçambique antes de se designar Moçambique, existiam milhões de elefantes. Os demógrafos têm capacidade de fazer retroprojeções e estão em acordo que Moçambique, no século XVI, tinha apenas um milhão de habitantes pelo que chegou a haver mais elefantes do que homens”, disse, acrescentando que motivou-lhe a ideia de que realmente o País esteve povoado de elefantes, que ainda por cima, foram alvos de uma carnificina.
Na ocasião, o escritor ofereceu 100 exemplares das suas obras à Gapi, destinadas às instituições de ensino superior: “Se o objectivo é que os jovens leiam estas obras, a Gapi tem condições para fazer a sua distribuição às universidades ao longo do País”, afirmou Ricardo Barradas. Ao proceder à apresentação dos livros, Álvaro Carmo Vaz, professor catedrático da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), considerou que no livro “Ilha de Moçambique, estórias da sua História”, o autor leva-nos a uma viagem fascinante ao longo de onze capítulos, iniciada com uma descrição da Ilha de Moçambique na época em que foi elevada à categoria de cidade.
“No segundo livro, Memória dos Elefantes de Moçambique, é mais breve do que no anterior, uma monografia, onde se percebe que confluem dois amores de Ricardo Barradas: a Ilha de Moçambique e a Natureza, esta corporizada nestes magníficos animais que vemos, horrorizados, à beira da extinção no nosso País, perante o que não sei se é impotência, complacência ou cumplicidade de demasiada gente”, observou Álvaro Carmo Vaz. Por sua vez, o presidente da Comissão Executiva da Gapi, António Souto, referiu-se às razões que levaram a instituição que dirige a associar-se a este projecto literário, tendo realçado o facto de o escritor dedicar as suas obras aos jovens.
“As estórias, que Ricardo Barradas partilha, têm o fascínio de nos levar para o tempo em que, atravessando o Índico, donos de pangaios e caravelas iniciaram a globalização desta parte do continente africano, através do controlo da ilha que viria a ser a terra de Mussa Al-Mbique”, indicou António Souto, realçando a forma simples e de fácil leitura como as estórias são apresentadas, o que despertou o interesse da Gapi, na motivação cultural de uma geração que hoje se globaliza, através da web e de smartphones. Enquanto instituição financeira de desenvolvimento, a Gapi, conforme sublinhou, tem vindo a conduzir, há mais de dez anos, programas especificamente focados na juventude e na necessidade de se criar uma nova geração empresarial.
São programas que preparam jovens no âmbito da iniciativa empresarial privada e da descoberta de oportunidades de novos negócios. Importa realçar que Ricardo Barradas nasceu em Maputo, em 1948. Concluiu o curso de Medicina em 1975 e trabalhou nos hospitais centrais das cidades de Nampula, Beira e Maputo, durante 25 anos, primeiro como cirurgião geral e depois como cirurgião plástico. “Ilha de Moçambique, estórias da sua história” e “Memória dos elefantes de Moçambique” são os seus primeiros livros publicados.(Carta)