Dados oficiais indicam que até 14 de Abril corrente havia um cumulativo de 60.800 casos de conjuntivite no país, desde a eclosão do primeiro caso, no mês de Fevereiro. Os gráficos do Ministério da Saúde (MISAU) mostram que, semanalmente, os casos tendem a diminuir, principalmente nas províncias onde o surto começou.
Segundo a representante do Programa Nacional de Oftalmologia no MISAU, Margarida Chagunda, os dados indicam que mais de 100 casos foram notificados na província de Inhambane e cidade de Maputo, enquanto algumas províncias não notificaram nenhum caso.
Chagunda falava no programa Café da Manhã da Rádio Moçambique, onde frisou que o controlo da conjuntivite hemorrágica não depende apenas das autoridades da Saúde, como também da comunidade.
“O controlo deste surto não depende apenas dos serviços de saúde, porque, sendo uma doença altamente contagiosa, tem muito a ver também com a conduta que a comunidade assume. Sabemos que a transmissão é de pessoa à pessoa, através do contacto directo e indirecto”, disse, quando questionada sobre se o país tem capacidade de controlo ou não da doença.
A fonte explica que a redução dos casos da conjuntivite no país ocorre por conta da adesão às medidas de prevenção e à disponibilidade de informação na comunidade.
Em relação ao crescente número de casos da doença em centros penitenciários e locais de acolhimento às vítimas de inundações e do terrorismo, Chagunda frisou que, onde há aglomerações, a disseminação de doenças é muito fácil, porque as pessoas têm alguma dificuldade em ficar isoladas.
Para combater situações de tratamento inadequado da conjuntivite, a entrevistada fez saber que esta é uma doença benigna, na medida em que se pode curar em pouco tempo (sete dias em média), quando o tratamento é adequado, e, sendo de causa viral, não exige aplicação de antibióticos, uma vez que estes servem para o tratamento de bactérias.
A fonte garantiu que os medicamentos como pomadas e gotas, habitualmente recomendadas nas farmácias, não têm nenhum efeito de cura. Aliás, ela refere que alguns medicamentos aplicados sem prescrição médica, tais como prednisolona e dexametasona, podem ser perigosos. Para o efeito, Margarida Chagunda chama atenção à necessidade de se combater a auto-medicação.
“A conjuntivite é benigna, cura por si só, basta seguir as medidas de higiene pessoal, como a lavagem frequente com água e sabão da cara e das mãos. Portanto, não há necessidade de alarme. Algumas pessoas usam a urina, e eu gostaria de reforçar que a urina é produzida através dos rins para eliminar aquilo que o organismo não precisa, incluindo substâncias tóxicas. Então, ela não pode ser uma coisa boa, por isso não podemos usar como tratamento”, frisou. Changunda disse ainda que o Ministério da Saúde registou até aqui um total de 45 casos de complicações oculares que culminaram com cegueira total ou parcial. Trata-se de situações provocadas pelo uso de medicação sem prescrição médica.
Para o tratamento da conjuntivite, a fonte reitera a lavagem regular do rosto com água simples, lavagem frequente das mãos e aplicação de pachos de água gelada, apenas para casos de muita inflamação.
Recorde-se que o primeiro surto da conjuntivite hemorrágica em Moçambique foi registado na província de Nampula. Ao nível nacional, Tete e Manica são as províncias com menos registos de casos da doença, com cerca de 300 e 500, respectivamente. Os pontos críticos são a cidade de Maputo e as províncias de Sofala, Nampula e Maputo. (M.A)