Três turmas do ensino básico da Escola Primária Completa da Ponta do Ouro ainda não tinham começado as aulas até à última sexta-feira, desde o início do ano lectivo, no passado dia 31 de Janeiro. A informação foi prestada pela directora dos Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia, em Matutuine, província de Maputo, Beatriz Mangue.
“Carta” soube através dos pais e encarregados de educação que o problema surgiu depois que a escola foi obrigada a acolher os mais de 800 alunos do ensino secundário, idos da escola comunitária Graça Machel.
A escola foi encerrada no fim de Janeiro, alegadamente, por falta de condições tais como carteiras apropriadas, laboratório equipado, biblioteca apetrechada, alvará, entre outros aspectos.
Segundo Liana Chambal, uma das encarregadas de educação que conversou com a “Carta”, as três turmas ainda não iniciaram as aulas por falta de salas, aguardando-se que sejam erguidas pela comunidade, para acolher os referidos alunos.
Chambal explicou que a escola está numa situação caótica. “A situação vai de mal a pior nesta escola. Os alunos são entulhados entre 80 a 90 em cada sala. Assim tiveram que sacrificar os mais novos para dar lugar aos mais velhos, do ensino secundário, vindos da Escola Comunitária Graça Machel. E, mesmo assim, a forma como os alunos estudam ultimamente não é agradável”, frisou.
A fonte detalhou: “o primeiro turno entra às 07h00 e sai às 10h00. Depois, entra o segundo que sai às 14h00 e segue o último turno que sai às 17h00. Esses horários são só para o “inglês ver” porque, na verdade, os alunos não estudam. Eles saem muito antes desses horários, por isso, o nosso país vai ficar cada vez mais pobre porque não investe na educação”.
Para minimizar a situação, a comunidade está a construir salas que ainda esta semana serão entregues aos alunos, mas exige que o problema seja resolvido em definitivo para que as crianças não sejam sacrificadas.
“Carta” apurou que, neste momento, o Conselho de Escola está a apoiar o proprietário da Escola Comunitária Graça Machel na compra de algum material para permitir a reabertura da escola. Até agora já foi comprado material para o laboratório, mas falta o esqueleto humano. Entretanto, os empresários locais mobilizaram-se para apoiar na aquisição de outro tipo de material.
Em Moçambique, mais de 60 escolas funcionam sem alvará e só na província de Maputo são 12 estabelecimentos de ensino que estão nestas condições, mas continuam a funcionar normalmente. O proprietário da Escola Comunitária Graça Machel encontra-se agastado com a situação e promete pronunciar-se sobre o encerramento daquele estabelecimento de ensino na primeira semana do mês de Março. (Carta)