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Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
terça-feira, 12 dezembro 2023 08:06

Munícipes saíram tímidos à rua depois do anúncio da paralisação da cidade de Maputo

Alguns munícipes saíram à rua nesta segunda-feira (11) meio tímidos, depois de a Renamo ter anunciado paralisar a cidade de Maputo, em repúdio aos resultados das eleições autárquicas de 11 de Outubro. Sob o lema “fique em casa”, aquele partido avançou que não se iria responsabilizar por qualquer impacto social, profissional ou pessoal decorrente da manifestação.

 

Esta segunda-feira, “Carta” foi à rua e interpelou alguns munícipes que decidiram arriscar e saíram das suas casas para cumprir com diversas obrigações do dia-a-dia. Escalamos primeiro a Praça dos Combatentes, vulgo “Xiquelene”, onde encontramos Carlos Senete, de 39 anos, residente no bairro das Mahotas. Ele disse que decidiu sair de casa porque trabalha para comer.

 

“Eu trabalho como sapateiro na cidade de Maputo e só vou de segunda a sábado. Aos domingos fico em casa a descansar. Então, se eu não saísse de casa hoje, os meus filhos não teriam o que comer. Eu arranjo sapatos e, quando termino o meu trabalho, compro algo para os meus filhos comerem no dia seguinte”, explicou.

 

Laura Namburete, de 53 anos de idade, trabalha como empregada doméstica no bairro da Coop. Contou que não podia ficar em casa porque a sua patroa ia descontar no seu salário se faltasse ao serviço.

 

“O Venâncio já está a perder a cabeça e o foco. Até quando ele pode paralisar as actividades e qual será o impacto disso. O povo não pode acatar essa decisão de ficar em casa e não sair para produzir. Neste país é cada um por si e Deus por todos. Se ficarmos em casa, a Renamo não nos vai trazer comida”, disse Namburete.

 

Para Laminia Macitela, vendedeira de roupa na baixa da cidade de Maputo, não tinha como ficar em casa mesmo com chuva. “Eu vivo de negócio de venda de roupa. Se a Renamo tivesse decidido se manifestar, eu ia arranjar um sítio e me esconder para evitar entrar nos tumultos, mas não podia deixar de sair de casa. São muitas lojas que até abriram as portas tarde aqui na baixa com receio dessa notícia, mas acabaram abrindo”.

 

Falando à nossa reportagem, um dos lojistas do mercado de Xipamanine, que preferiu anonimato, explicou que o negócio está a funcionar a meio gás e muitas lojas abriram muito tarde e com alguma timidez porque quando a confusão começa, são muitos oportunistas que vez de contestar os resultados das eleições, se aproveitam do negócio dos outros.

 

“Essas manifestações são um autêntico atentado à economia moçambicana. Se as pessoas não abrem as lojas, não fazem dinheiro. O país não pode depender da boa vontade de algum partido porque a pobreza só vai aumentar. As pessoas precisam de produzir para o país avançar”.

 

Refira-se que a paralisação da cidade de Maputo que havia sido marcada para esta segunda-feira não aconteceu e a Renamo não explicou o que teria acontecido. (M.A.)

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