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BCI
quinta-feira, 07 dezembro 2023 08:09

Cerca de três milhões de moçambicanos beneficiários de assistência alimentar

Cerca de três milhões de cidadãos beneficiaram de assistência alimentar directa, devido aos eventos climáticos extremos que atingiram Moçambique nos últimos cinco anos, nomeadamente os ciclones Idai e Kenneth, bem como o terrorismo e pandemia da Covid-19.

 

“Ainda estamos a viver profundamente os efeitos destes choques que convergiram e trouxeram consigo consequências muito graves. As consequências não são apenas aquelas milhares de pessoas que beneficiaram de apoio alimentar, mas também empresas”, disse o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, na Conferência do Agro-negócio, Nutrição e Indústria Alimentar.

 

O evento, que decorre em Maputo, é organizado pela Confederação das Associações Económicas (CTA) em parceria com a Rede de Empresas para Expansão da Nutrição em Moçambique, uma iniciativa da Global Alliance for Improved Nutrition (GAIN).

 

Segundo Correia, o governo ainda não efectuou um exercício para apurar o custo real das crises que afectaram o país nos últimos cinco anos, com vista a avaliar o desempenho da sociedade moçambicana.

 

“Foram milhões de dólares que o país teve que desviar de outras iniciativas para alimentar essas famílias e evitar uma crise alimentar sem precedentes, como estamos a ver na zona de Sahel”, disse o governante.

 

O Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, defendeu que todos devem trabalhar para que se encontre uma solução definitiva para o acesso a alimentos e educação nutricional.

 

Referiu que o grande desafio em Moçambique não é só o acesso a alimentos, mas também a educação nutricional. “Há regiões do país onde as famílias têm frutas e fruteiras, mas preferem exportar. É urgente resolvermos o problema da alimentação no país que inclui água. Tenho sido surpreendido quando a população aqui da cidade critica o Presidente quando vai inaugurar um pequeno sistema de abastecimento de água e dizem que está a inaugurar torneira. Provavelmente, está a tentar sinalizar que não se justifica a esta altura da nossa independência que existam famílias que não tenham acesso à água”, disse. 

 

Celso Correia frisou que, neste momento, o grande desafio é que sejam encontradas soluções para sistemas alimentares sustentáveis num contexto em que não há sinais de mudança. 

 

“As crises provavelmente vão continuar com maior incidência para as alterações climáticas e os choques económicos. Então, o país tem que se preparar e, se não fizermos isso, corremos o risco de continuar a ver crianças com problemas cognitivos, e hipotecar a força de trabalho por conta da ausência de políticas e de resposta para um tema sensível como a desnutrição”.

 

Salientou ainda que a nutrição tem que se concretizar naturalmente da machamba ao prato e numa linguagem mais simples. Mas infelizmente a realidade de Moçambique não é essa. “Todos conhecem os indicadores nacionais de nutrição e de segurança alimentar e sabem das consequências dessa realidade”.

 

Já o presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma, enalteceu a GAIN, pelo facto de apoiar iniciativas que visam melhorar a fortificação de alimentos e reduzir os índices de desnutrição.

 

O último inquérito sobre orçamento familiar mostrou uma inversão da tendência na redução da pobreza e incremento de focos de desnutrição, facto que leva o sector privado a investir maiores recursos para aumentar a disponibilidade de alimentos.

 

Vuma aponta como desafios a participação activa do sector privado, academia e parceiros de cooperação no processo de revisão do decreto de fortificação de alimentos, controlo das fronteiras terrestres, marítimas e aéreas, locais considerados como focos de contrabando.

 


“Propomos que o projecto-piloto de alimentação escolar seja implementado com a contratação de produtores moçambicanos de forma a fornecerem alimentos para reduzir a desnutrição de crianças em idade escolar”.

 

Por seu turno, Gaspar Cuambe, director da GAIN em Moçambique, anotou que decorre actualmente a COP28, no Dubai, uma iniciativa global que discute as questões ligadas ao ambiente.

 

Revelou ainda que a sua organização, em parceria com o Egipto, preside a iniciativa I-CAN que na língua inglesa significa “Eu posso”, um programa que promove acções de protecção do clima e promoção da nutrição. 

 

“A I-CAN conta com a parceria da FAO, OMS (Organização Mundial da Saúde), movimento SUN e de múltiplos parceiros multi-sectoriais com objectivo de canalizar acções climáticas, com benefícios na nutrição”.

 

O evento junta várias entidades públicas e estatais, incluindo quadros do MADER, Ministério da Indústria e Comércio, representantes das empresas ligadas à cadeia de nutrição e empresas moçambicanas que trabalham na fortificação de alimentos. (Carta⁄AIM)

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