O Bar Lastróvia transformou-se num local de poluição sonora perturbando o sossego dos munícipes do Quarteirão 22, no bairro de Mavalane “A”, na cidade de Maputo, acusam o moradores das redondezas.
Os citadinos que vivem nas proximidades do campo Karzozo, em Mavalane “A”, queixam-se de poluição sonora numa zona residencial, proveniente daquele bar instalado no meio de residências. O volume do som expelido do bar, que fica próximo a duas escolas e a uma igreja, supera, sobretudo aos fins-de-semana, os níveis considerados normais para os seres humanos.
Os afectados do Quarteirão 22 acusam a edilidade de ter recebido algum valor para permitir que aquele tipo de bar operasse naquele quarteirão, visto que várias pessoas tentaram abrir o mesmo tipo de negócio e foram impedidas por se tratar de um local que está entre escolas e residências. O barulho proveniente daquele bar, segundo contam, interfere na comunicação e perturba o sono e o descanso dos moradores.
“Quando chega sexta-feira não dormimos nesta zona, o barulho chega até a locais distantes. Se ainda não tive um enfarte devido ao som que sai deste lugar é porque Deus me protege. O barulho das colunas deste bar chega a estremecer as chapas da minha casa, as paredes estão cheias de rachas. Isto funciona há pouco tempo, mas o que vimos aqui nunca imaginávamos que viríamos”, explica uma idosa que vive bem ao lado do bar.
“Todas as sextas-feiras, um grupo de jovens estaciona viaturas em frente às nossas casas e também tocam as suas músicas nos carros enquanto compram bebida naquele bar. Quando amanhece somos obrigados a jogar água com sabão em frente das nossas casas para tentar disfarçar o cheiro nauseabundo da urina porque os bêbados não usam as casas de banho do bar porque alegam que funcionam como quartos para os casados que se envolvem com as meninas do bairro”, relatam os residentes.
Dizem ainda que já apresentaram uma denúncia às autoridades competentes, mas não surtiu efeito.
“Aquele bar está a transformar-se num luso no meio do bairro de Mavalane, ali vimos uma saia curta que nunca tínhamos imaginado que existe. Naquele local acontecem situações que muitos pais nem imaginam que suas filhas menores passam. Ali conseguimos ver todas as formas de prostituição. O chefe de quarteirão já reuniu a gerente do bar várias vezes, mas não deu em nada. Muitas mulheres estão a perder seus maridos e muitos salários acabam ali. Já não sabemos a quem recorrer para nos livrarmos deste bar. Quando chega fim-de-semana é o prenúncio de perturbação’’.
Segundo o Chefe do Quarteirão 22, no bairro de Mavalane “A”, Henriques Zacarias Sitoe, quando a gerente do bar foi à sua casa para pedir o documento do bairro que a autorizasse a instalar o bar naquele local, ele chamou atenção que seria difícil porque outros já tentaram e não conseguiram licença para venda de bebidas por se tratar de um sítio em frente a escolas.
“Eu chamei atenção da senhora que veio a minha casa para pedir declaração e ela apenas disse para eu passar o documento e o resto ela ia se entender com as autoridades. Portanto, fiz a minha parte e não sei como ela acabou conseguindo a licença para abrir um bar daqueles por aqui. Eu vivo um pouco distante do bar, mas quando chega o fim-de-semana também não consigo dormir. Ali acontece de tudo e sempre recebo queixas, mas não tenho autonomia para mandar ela fechar”, disse Sitoe.
O chefe do quarteirão conta ainda que quem comprou aquele espaço tinha um projecto de uma padaria, mas depois perdeu a vida. Depois disso, os filhos decidiram arrendar para um casal que fez uma escola de culinária e o marido também perdeu a vida e foi daí que arrendaram para actual gerente que transformou o local num bar.
Sobre este drama, “Carta” contactou a gerente do Bar Lastróvia, Belarmina Manuel Sengo. Ela lamentou o facto de os residentes terem feito esta denúncia ao jornal e disse que vem sofrendo perseguições por parte dos moradores da zona.
Argumentou que, quando chegou a Mavalane para instalar o bar, tratou todos os documentos, incluindo licença passada pelo círculo do Bairro que lhe permite tocar às sextas e sábados e no meio de semana abre até às 22h00 e nem toca música.
″Eu abri o bar há dois meses e já pude perceber que não me querem naquele lugar por nada. Tem jovens que estacionam seus carros em frente ao meu bar e ficam a tocar nos seus veículos até altas horas da noite e nunca recebi uma informação de que foram notificados″.
A fonte conta ainda que não foi para aquele bairro para procurar problemas com ninguém, dando a entender que poderá ir embora caso não a queiram.
“Eu abro ali às 17h00 depois das crianças saírem da escola, deixo o local limpo e começo a trabalhar. Para abertura deste bar, eu segui todos os trâmites legais e fui autorizada. Não conheço nenhum bar na cidade de Maputo que não esteja ao lado de casas, não existe um local específico para abrir bar. Nesta zona já ouvi as mulheres a dizerem que estão a perder lar porque os maridos ficam ali no meu bar. Será que eu é que estou a ensinar as pessoas a beber hoje, já percebi que não me querem ali. Eu já não estou a conseguir lidar com as pessoas daquele bairro, acho que vou ter que sair, estou cansada de tudo isso”, desabafou. (M.A.)