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terça-feira, 28 fevereiro 2023 08:04

Transportadores dizem que aumento de três meticais é insignificante, mas passageiros sentem-se sufocados

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O novo preço do transporte entrou em vigor ontem, na área Metropolitana de Maputo, no entanto, transportadores ouvidos pela “Carta” afirmam que três meticais é um aumento insignificante, enquanto os passageiros sentem-se sufocados.

 

“Não concordamos com esse aumento, três meticais para nós não significam nada, esse valor não cobre o combustível que gastamos com todas as voltas que damos ao longo do dia, não cobre a manutenção dos nossos carros, não chega sequer para comprar óleo para pôr as nossas viaturas a funcionarem”, disse à “Carta” Carlos Albano, 38 anos, motorista há seis anos na rota Praça dos Combatentes/Baixa.

 

Para Carlos Albano, neste momento os transportadores estão a tentar adaptar-se com esse aumento, na esperança de que o Governo possa encontrar as melhores soluções para eles como transportadores. 

 

“Eu trabalho para alguém, no final do dia tenho de ter a receita do patrão, o valor do combustível para colocar o carro na rua no dia seguinte, o valor para resolver qualquer avaria provocada pelas vias precárias”, frisou Albano.

 

Este aumento torna-se mais insignificante para quem tem de fazer viagens mais longas e com estradas totalmente esburacadas.

 

“Para nós esse aumento não seria um grande problema se tivéssemos estradas em condições. Todos os dias estamos a estragar as nossas viaturas e os custos de reparação são extremamente elevados, temos vários colegas que foram obrigados a arrumar seus carros pela dificuldade de comprar peças e neste momento procuram outra fonte de renda”, garantiu à “Carta Manuel Nhassengo, 43 anos, motorista da rota Patrice/Baixa.

 

Por sua vez, Alda Langa, 4 anos, residente no Bairro Ferroviário, disse que o aumento de transporte em três meticais não constitui uma grande preocupação, é um aumento que sufoca o pacato cidadão, mas a grande preocupação é o encurtamento de rotas.

 

“Que o “chapa” suba de 12 para 15 meticais, mas os motoristas devem tirar-nos do nosso ponto de partida até ao nosso destino. Os transportadores também devem aprender a tratar-nos como humanos, eles estão sempre a correr, não nos respeitam, humilham-nos como se estivéssemos a pedir favor e esquecem que, no fim do dia, nós é que pagamos o salário deles. Eles devem evitar enganar o cidadão e nada de entrevistas para saber para onde vamos”, referiu.

 

Já Mayra Massingue, mãe de seis filhos e residente no bairro São Dâmaso, disse que as coisas estão cada vez sufocando o cidadão.

 

“O Governo decide e o povo paga, tudo recai sobre nós. Quando sobe o combustível, o povo é que paga, sobe pão, o povo paga, há novas taxas, o povo paga. Para onde vamos, onde vamos terminar. Sobe o transporte, mas o salário nunca sobe, o custo de vida é mais elevado e este ano as coisas tendem a ser piores tendo em conta a época em que vivemos. Estamos perante uma situação de cheias no país, mas no lugar de ajudar, o Governo quer nos sufocar ainda mais, quem nos vai socorrer. Quem nos vai livrar desta situação. Acredito que o nosso Governo não vai ficar feliz ao saber que existem milhares de famílias que dormem sem comer por conta do custo de vida, chega. Assim não da”, relatou indignada Mayra Massingue.

 

Para o segurança de uma empresa privada, Faruque Uqueio, 42 anos, residente no bairro Benfica, o problema dos transportes não é de hoje na cidade de Maputo e sempre a corda arrebenta para o lado mais fraco, o cidadão.

 

“É difícil aceitarmos esse agravamento do preço do transporte embora tenhamos de viver com isso. um indivíduo como eu, não ganha sequer aquilo que é o salário mínimo estabelecido pelo Governo, mas tenho que apanhar chapa todos os dias para atender o patrão e ainda ter dinheiro para alimentar a minha família. Tenho dois filhos que estudam na cidade, antes tinha que tirar 60 Mts por dia para ida e volta e hoje tenho que ter 72 Mts para dar aos meus filhos todos os dias e por vezes com risco de ligações, porque o próprio transporte é escasso”, disse. (Marta Afonso)

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