Reagindo ao incidente relacionado com a queima de mortos em Moçambique, o Sindicato diz que nunca vai tolerar a criminalidade flagrante depois que um vídeo aparece mostrando membros da Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF) e elementos de outras forças de Defesa não identificadas queimando cadáveres.
O vídeo de 20 segundos mostra soldados agarrando um homem morto pelos braços e pernas e atirando-o a uma fogueira onde outro corpo já está em chamas.
Outros soldados armados assistiram isso, impávidos e serenos, enquanto outro é visto gravando o incidente no seu telefone.
“A profanação e maus tratos de cadáveres é estritamente proibida e é uma violação grave do direito internacional dos conflitos armados, do qual a África do Sul é signatária”, diz o Sindicato.
A SANDF descreveu o incidente como desprezível, referindo que teria ocorrido em Novembro do ano passado em Moçambique, onde a África do Sul destacou forças como parte da missão militar da SADC (SAMIM).
O Sindicato diz que, se o vídeo que circula nas redes sociais for autêntico e provar, entre outros pontos, que membros da SANDF estão envolvidos em tais actos, isso constituiria uma violação grave e vergonhosa do direito internacional de conflito armado e seria completamente inaceitável.
“O Sindicato condena veementemente essas acções, pois são completamente inconsistentes com os valores e princípios da SANDF e do SANDU, bem como com o direito internacional dos conflitos armados”, disse Pikkie Greeff, secretário nacional do SANDU.
Greeff disse que era imperativo que a Força de Defesa Nacional da África do Sul investigasse este incidente de forma expedita, que os responsáveis fossem responsabilizados por suas acções e que a investigação fosse conduzida de maneira justa e imparcial.
O Sindicato reitera que todos os membros da SANDF são obrigados a cumprir a lei internacional de conflito armado, sendo que qualquer violação é intolerável.
“O Sindicato sempre vai defender a protecção e promoção dos direitos dos nossos membros, mas nunca vai tolerar tal criminalidade flagrante, que traz desonra e desgraça para a SANDF, o uniforme e a África do Sul”, disse Greeff.
Por seu turno, a AfriForum, uma organização não-governamental sul-africana, exige que este assunto seja tratado com urgência.
“É chocante ver a força de defesa de um país democrático como a África do Sul participando de actos tão hediondos. Solicitamos que convoquem imediatamente o comandante das forças sul-africanas em Moçambique para testemunhar sobre os detalhes deste evento em particular”, disse o chefe de política e acção do AfriForum, Ernst Roets, numa carta dirigida à ministra da Defesa e Militares Veteranos Thandi Modise.
Roets disse que a Força de Defesa da África do Sul foi acusada de violações dos direitos humanos inúmeras vezes, inclusive durante operações na República Democrática do Congo e na própria África do Sul durante o bloqueio da Covid-19, onde civis inocentes foram espancados nas ruas.
Pronunciando-se sobre o incidente, o deputado da Aliança Democrática (DA na sigla em inglês), Kobus Marais, disse que os soldados devem aderir ao seu código de conduta e aos padrões e práticas internacionais.
Marais disse que Thandi Modise e o Comandante da SANDF deveriam instituir imediatamente uma comissão de inquérito.
“Enquanto isso, os soldados envolvidos e os seus comandantes devem ser chamados de volta à África do Sul e devem ser suspensos para permitir uma investigação sobre este assunto”, disse Marais. (Carta)