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quarta-feira, 16 novembro 2022 08:35

Moradores da rua dos Lusíadas na cidade de Maputo contestam construção de sanitários públicos próximo às residências

Os residentes da Rua dos Lusíadas, na Polana Cimento “A”, por sinal um dos bairros nobres da cidade de Maputo, contestam a construção de sanitários públicos municipais, nas proximidades das suas residências, alegando que futuramente poderão contaminar as águas que eles usam e aumentar a incidência de bandidagem e criminalidade que assolam aquele bairro.

 

“É com enorme insatisfação que tomamos conhecimento da construção de sanitários públicos defronte e a poucos metros das nossas residências, sem que tenha havido antes uma auscultação aos moradores e qualquer tipo de consideração”, referem os moradores em carta enviada ao Conselho Municipal de Maputo. 

 

Em conversa com a “Carta”, esta segunda-feira, os residentes da Rua dos Lusíadas contaram que um empreendimento daquela natureza vai mexer e afectar as suas vidas, interesses e sossego, segurança e tranquilidade e, por outro lado, serão obrigados a conviver com sanitários públicos de cuja gestão e limpeza não se conhece qualquer bom exemplo na cidade de Maputo. 

 

De acordo com os residentes, com a construção daqueles sanitários naquele local, estão criadas todas as condições para a contaminação da rede pública de água canalizada nas suas residências. Os moradores dizem ainda que já convivem com condições inaceitáveis decorrentes das barracas do Museu, como o consumo de drogas, falta de limpeza, prostituição, violações, entre outras e com estes sanitários implantados naquele local, a situação poderá agravar-se.

 

"À boa moda das favelas do Brasil, nós os moradores já somos obrigados a celebrar acordos com os marginais e criminosos para não nos fazerem mal e nisso tudo somos sempre vítimas”.

 

Mais adiante, os residentes afirmam que aquele não é o local apropriado para a construção de sanitários públicos, porque para além de ser defronte e a escassos metros das residências e próximo à zona da Presidência da República, está entre a Escola Secundária Josina Machel, Escola Comercial de Maputo e o Museu da História Natural.

 

“Nesta rua, nos dias de chuva todas as águas, incluindo a dos lavadores dos carros, arrastam lixo que desagua nas residências dos moradores, visto que todas as sargetas se encontram obstruídas pelas obras que vão sendo executadas pelo Conselho Municipal de Maputo”.

 

Os moradores dizem ainda que já tentaram dialogar com o município, mas este não se mostra aberto para resolver o problema, visto que as obras já arrancaram e caminham a um ritmo acelerado, principalmente no período nocturno. 

 

Segundo contam alguns moradores, no passado, o engenheiro Silva Magaia, do Conselho Municipal da cidade de Maputo sugeriu a alguns residentes daquela rua para que vendessem as suas propriedades a alguns turcos que pretendiam construir alguns empreendimentos.

 

Maior parte dos residentes recusou, sendo que apenas um morador cedeu e vendeu, entretanto, e como forma de pressioná-los para sair, o Município tem vindo a fazer e desfazer, razão pela qual, hoje tomou a decisão de erguer sanitários públicos, dizem os moradores, acrescentando que, para a sua surpresa, só receberam uma nota de aviso de arranque das obras através da chefe do quarteirão.

 

Entretanto, o Vereador do Ordenamento Territorial, Ambiente e Urbanização, Silva Magaia, reconheceu o erro cometido pela edilidade, por não ter interagido com os residentes da Rua dos Lusíadas, mas garantiu que o problema já está a ser corrigido.

 

“Nós estamos a erguer aqueles sanitários públicos para pôr cobro à vergonha dos sanitários móveis plásticos que se encontram naquela zona, nas proximidades das escolas. Nós como município estamos a propor aos moradores a oportunidade de ter sanitários modernos para sairmos daquela vergonha que temos. Respeitamos a inquietação dos moradores e prometemos tomar a devida atenção à questão que eles colocam”.

 

“Nós não temos nada contra aqueles residentes, apenas queremos melhorar as condições dos sanitários públicos”, frisou Silva Magaia. (Marta Afonso)

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