O pão, um dos principais produtos da cesta básica das famílias moçambicanas, está dois meticais mais caro nas padarias da cidade de Maputo desde o passado dia 01 de Junho. As panificadoras justificam que o preço deriva dos custos elevados para aquisição da matéria-prima (trigo), causados pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Nesta segunda-feira, “Carta” fez uma ronda pelas principais padarias da cidade de Maputo, tendo constatado que o preço mínimo da venda do pão ao consumidor é de 12,00 Meticais. A nossa reportagem esteve nas padarias Aliança (Avenida Ho-Chi-Min), Central (Av. Karl Max) e Delicias (Av. Josina Machel), tendo obtido a seguinte tabela: pão de 200 gamas custa 15 Meticais; pão de 160 gramas passa a custa 12 Meticais; e o pão de 80 gramas, que antes era vendido a 5 Meticais, agora é vendido a 6 Meticais.
Contudo, o preço é novo nas padarias, pois, já vinha sendo praticado pelos vendedores informais. Por exemplo, na província de Maputo, desde finais de Fevereiro último que o pão é vendido a 12 Meticais pelos vendedores informais, devido a retirada de descontos pelas panificadoras. Antes, sublinhe-se, os comerciantes informais compravam o pão a 8 Meticais e revendiam a 10 Meticais (o mesmo preço que era praticado nas padarias), obtendo um lucro de 2 Meticais. Assim, com os novos preços, é provável que os informais, na província de Maputo, passem a revender o pão a 14 Meticais.
Entretanto, a Associação Moçambicana dos Panificadores (AMOPÃO) não confirma se a subida do preço do pão foi chancela pela organização e se a decisão é extensiva à restantes padarias do país.
“Nem todas as províncias alteraram o preço do pão. As províncias estão descentralizadas em matéria do preço do pão. Actualmente, o preço do pão, por província, varia de 8 Meticais a 14 Meticais”, explicou o Presidente da organização, Victor Miguel.
Por sua vez, o Ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno, alertou para a possibilidade de o preço do trigo vir a “disparar”, caso a guerra não termine na Ucrânia. “Até mês passado, tínhamos trigo em stock, sobretudo para produção do pão, e acreditamos que nos próximos tempos esse stock vai acabar e os novos stocks vão ser obtidos com os novos preços que são altos por conta da crise. Portanto, não temos como fugir a isso e, neste âmbito, aconselho as pessoas a consumirem também a mandioca e batata-doce como alternativa ao pão”, disse o governante. (Marta Afonso)