Estão abertas as “hostilidades” entre a Rede Viária de Moçambique (REVIMO), empresa concessionária da Ponte Maputo-KaTembe, e os residentes do Distrito Municipal da KaTembe, na Cidade de Maputo. Em causa estão os valores cobrados pela empresa na portagem da KaTembe, que variam entre 160 e 1.200 Meticais por viagem, tornando-se a mais cara do país.
Esta terça-feira, um grupo de moradores daquele distrito municipal submeteu, à REVIMO, uma petição na qual exige a redução em 75% da taxa cobrada aos veículos de classe 1, que inclui motociclos e viaturas ligeiras. Isto é, no lugar de pagar 160 Meticais, os munícipes da KaTembe exigem o pagamento de 40 Meticais.
Trata-se, na verdade, de um grito de socorro que dura há três anos (desde a inauguração do empreendimento em Novembro de 2018) e que ganha um novo ímpeto, após a entrada em funcionamento das quatro praças de portagem na Estrada Circular de Maputo, também geridas pela REVIMO, em que os utentes pagam entre 40 e 580 Meticais.
Segundo os peticionários, os descontos oferecidos pela empresa (que vão até 64 Meticais) não satisfazem as suas necessidades, pois, só são aplicáveis a quem realizar 61 viagens por mês, o que é praticamente impossível.
Portagem da KaTembe é a mais cara do país e…Governo assobia ao lado há três anos
Os movimentos para a redução dos preços da portagem da KaTembe não são novos, mas todos sempre redundaram em fracasso. Em Janeiro último, à saída do Conselho de Ministros, João Osvaldo Machatine, ex-Ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, garantiu que o Governo não iria rever os preços praticados naquela portagem por serem os possíveis.
“As taxas em toda a parte do mundo não são valores estáticos. Há pressupostos que determinam a sua fixação. E a variação dessas variáveis também permite agravar ou reduzir as taxas das portagens. Em relação à ponte Maputo-KaTembe, já falamos muito sobre isto. Estamos no limite daquilo que é possível cobrar para se poder manter a infra-estrutura daquela complexidade”, disse o ex-governante, sem sustentar a sua tese.
Refira-se que a portagem da KaTembe é a mais cara da Região Metropolitana do Grande Maputo, assim como do país. A nível do Grande Maputo, lembre-se, estão instaladas sete portagens, sendo quatro na Estrada Circular de Maputo; uma na Estrada Nacional Nº 4; uma na Macaneta, no distrito de Marracuene; e outra na ponte Maputo-KaTembe. Das sete portagens, seis estão sob gestão da REVIMO e uma da TRAC, empresa sul-africana concessionária da EN4.
Nas portagens da Estrada Circular de Maputo, os utentes pagam entre 40 e 580 Meticais, enquanto na Portagem de Maputo (gerida pela TRAC), desembolsam entre 40 e 550 Meticais. Já na portagem da Macaneta, os utentes são obrigados a pagar entre 50 e 900 Meticais.
Sublinhar que as infra-estruturas rodoviárias (estradas e pontes) geridas pela REVIMO foram construídas com fundos públicos, enquanto a Estrada gerida pela TRAC foi erguida com fundos próprios da empresa sul-africana. (Carta)