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Redacção

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O Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique, Bernardino Rafael, lamentou e condenou, esta quinta-feira, a morte e o ferimento dos agentes da corporação, no quadro das manifestações populares em curso no país, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane, em protesto aos resultados eleitorais, que dão vitória à Frelimo e ao candidato Daniel Chapo.

 

Falando esta manhã, no final de um encontro privado com Albino Forquilha, Presidente do PODEMOS, partido que suporta a candidatura presidencial de Mondlane, Bernardino Rafael defendeu que as manifestações populares dos dias 21 (segunda-feira), 24 (quinta-feira) e 25 (sexta-feira) de Outubro resultaram na morte e ferimento de agentes da Polícia, sendo que 36 continuam “acamados”, em resultado dos confrontos com os manifestantes.

 

“Tenho 36 membros da Polícia da República de Moçambique [PRM] acamados, alguns dos quais não terão mais a capacidade de trabalhar como Polícias”, disse Bernardino Rafael, sem, no entanto, fornecer dados concretos de quantos membros da corporação perderam a vida e/ou ficaram feridos. Lembre-se que, na segunda-feira passada, Orlando Mudumane, porta-voz do Comando-Geral da PRM, reportou a morte, em todo território nacional, de um Polícia e o ferimento de outros 21.

 

Segundo Bernardino Rafael, os agentes da corporação foram alvos de arremesso de pedras e bombas de fabrico caseiro. Revelou também que, desde a convocação da greve geral pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, a corporação foi chamada a intervir em 58 manifestações, “das quais 38 foram violentas, muito violentas”.

 

“Todos nós assistimos a essas manifestações violentas. Foram queimados carros, pneus nas rodovias, vandalizaram instituições do Estado, estabelecimentos comerciais e vandalizaram até as instalações onde trabalha a Polícia, que foi parceiro principal desde o recenseamento, a campanha eleitoral até à votação”, lamentou.

 

Num discurso de quase 1h e sem direito a perguntas, o Comandante-Geral da Polícia disse que o ambiente de tensão começou no dia da votação, mas “criamos condições para conter a situação”, porém, “chegou o momento em que os partidários começaram a perder o controlo nos pronunciamentos” que propiciaram a alteração da ordem e segurança públicas na convocação de algumas manifestações, das quais foram violentas.

 

Rafael defende que “ninguém proíbe manifestações pacíficas”, mas não avança as razões que levam a Polícia a impedir, ciclicamente, os cidadãos a se manifestar pacificamente, com destaque para os episódios do dia 21 de Outubro, em que a Unidade de Intervenção Rápida lançou gás lacrimogénio contra os manifestantes sem que estes tivessem alterado a ordem e tranquilidade públicas.

 

Um silêncio sobre o assassínio de civis

 

Num discurso emotivo, no qual sublinhou que comanda uma força com agentes “com todos apelidos do país”, o Chefe da Polícia não se pronunciou quanto à chacina de civis, promovida pelos seus “homens” durante os três dias de manifestações. Um Relatório da Ordem dos Médicos, divulgado na terça-feira, revela que pelo menos 73 civis foram atingidos por balas da Polícia, no contexto das manifestações populares, dos quais 10 perderam a vida.

 

Entre os mortos, sublinhe-se, há pessoas que sequer participaram das manifestações. Até hoje, nem a Polícia, nem o Ministério Público e muito menos o Governo se pronunciaram acerca destes actos. Igualmente, há mais de 450 pessoas detidas, arbitrariamente. Aliás, em todas manifestações convocadas por partidos da oposição ou pela sociedade civil, a Polícia tem feito vítimas mortais, sem qualquer responsabilização civil, criminal ou administrativa.

 

Refira-se que até jornalistas não escaparam à fúria da Polícia nas manifestações da semana finda, porém, não mereceram qualquer solidariedade e muito menos pedido de perdão por parte do Comandante-Geral da Polícia.

 

Aliás, aos “parceiros da comunicação social”, Bernardino Rafael apenas pediu colaboração, no sentido destes divulgarem as mensagens da Polícia, mas sem se pronunciar acerca do atentado à liberdade de imprensa, testemunhado na manhã do dia 21 de Outubro, primeiro dia das manifestações. (A.M.)

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Já está no activo o novo representante do candidato presidencial Venâncio Mondlane, junto dos órgãos eleitorais, após o assassinato bárbaro do advogado Elvino Dias, crivado de balas na noite do dia 18 de Outubro passado, em Maputo.

 

O papel de mandatário de Venâncio António Bila Mondlane, actualmente em parte incerta, é exercido pela jurista Judite Mahocha Simão, ex-juíza de Direito, expulsa da magistratura judicial, em 2017, “por incompetência profissional culposa, violação reiterada de normas de procedimentos e prática de erros técnicos graves”.

 

A actual mandatária de Venâncio Mondlane, lembre-se, estava afecta ao Tribunal Judicial do Distrito de Marracuene, província de Maputo, quando foi expulsa, depois de ter mantido encontros secretos com parte dos intervenientes processuais, quando conduzia o polémico “caso Milhulamete”, no qual a empresa Milhulamete queixava-se de usurpação de terra por parte da comunidade de Guava, no distrito de Marracuene.

 

Na altura, a ex-juíza até recorreu da decisão do Conselho Superior da Magistratura Judicial, mas viu o seu Recurso por Oposição de Acórdãos ser chumbado pelo Plenário do Tribunal Administrativo, através do Acórdão 129/2022, de 23 de Dezembro, por não se mostrarem preenchidos os requisitos exigidos para o efeito. (Carta)

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A Autoridade Reguladora de Medicamentos (ANARME) pretende atingir, nos próximos anos, o Nível de Maturidade Três (ML3) na classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), já alcançado por outros seis países africanos.

 

De acordo com o Ministro da Saúde, Armindo Tiago, que discursava por ocasião dos 15 anos de Harmonização Regulamentar dos Medicamentos em África, com foco na fundação da Agência Africana de Medicamentos, a obtenção deste nível (ML3) é significativa, pois colocará a ANARME, IP, entre as autoridades de referência mundial.

 

“A avaliação através da Ferramenta Global da Organização Mundial da Saúde tem sido crucial para identificar lacunas e definir prioridades para o desenvolvimento da nossa autoridade reguladora de medicamentos”, destacou Tiago.

 

Por esta razão, o Ministro da Saúde afirma que o compromisso do país com a harmonização e a implementação da Agência Africana de Medicamentos permanece inabalável. “Reconhecemos que a AMA será um instrumento fundamental para garantir que os medicamentos que chegam às nossas populações sejam seguros e eficazes e que possamos combater de forma coordenada a proliferação de medicamentos falsificados e de baixa qualidade”, frisou.

 

“Todos devem estar cientes de que, entre 2025 e 2026, a nossa agência também deve atingir o nível de maturidade três e se não alcançarmos este nível, não terá valido a pena a organização desta conferência que hoje realizamos em Maputo”, sublinhou Tiago.

 

Vale lembrar que Moçambique conta com a Autoridade Reguladora de Medicamentos desde 2016 e o seu funcionamento reflecte o compromisso colectivo de assegurar a segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos no país.

 

Desde a sua criação, a ANARME desenvolveu um quadro jurídico robusto, fortaleceu a estrutura e infra-estrutura de qualidade e contribuiu para a capacitação de recursos humanos moçambicanos. Os seis países africanos líderes nas indústrias farmacêuticas são: Tanzânia, Nigéria, África do Sul, Gana, Egipto e Zimbabwe, que integraram a lista recentemente. (Marta Afonso)

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A terceira fase das manifestações populares convocadas por Venâncio Mondlane, candidato presidencial apoiado pelo partido PODEMOS, em protesto contra os resultados eleitorais e o assassinato do advogado Elvino Dias e de Paulo Guambe, está a provocar caos, ruptura de produtos e especulação de preços em Maputo.

 

Numa ronda feita pela "Carta de Moçambique", foi possível verificar, em alguns pontos da cidade de Maputo, uma corrida desenfreada em busca de alimentos para reforçar a logística doméstica nos próximos sete dias, durante os quais os estabelecimentos poderão não abrir as suas portas por conta das manifestações.

 

Na cidade de Maputo, os supermercados estiveram lotados, com filas longas para entrar e efectuar o pagamento, enquanto as estradas se tornaram praticamente inacessíveis devido ao elevado número de viaturas, criando um autêntico clima de desespero para quem estava à procura de mantimentos.

 

Segundo apurou a "Carta", no Mercado Grossista do Zimpeto, que abastece a cidade de Maputo e arredores, as manifestações que começam hoje tendem a causar a escassez de produtos e aumento de preços. A batata, por exemplo, está a deteriorar-se e o preço de um saco varia entre 450 e 580 Mts, contra 350 a 400 Mts das semanas anteriores.

 

Ontem, os comerciantes mostravam-se satisfeitos, pois, o cenário de vendas era quase semelhante ao da quadra festiva, com intenso movimento e até mesmo sem espaço para percorrer todo o mercado. Nos contentores ao redor do mercado, era notória a enchente e, mesmo com os preços a disparar, os munícipes buscavam comprar para garantir mantimentos para os próximos sete dias.

 

O preço do arroz, por exemplo, que há duas semanas era adquirido a 1.650 Mts por saco, hoje custa 1.720 Mts. A caixa de leite cremosa de 750 gramas, que antes era vendida a 220 Mts, agora está a 250 Mts; a folha de chá que antes custava 75 Mts subiu para 90 Mts; e a caixa de tomate de 22 quilogramas, que era adquirida por 350 ou 400 Mts, agora custa entre 700 e 800 Mts.

 

Em relação aos produtos frescos, a caixa de asinhas de 10 quilogramas, que há dias era possível adquirir por 1.350 Mts, agora custa 1.550 Mts, uma subida de 200 Mts. Os frangos, que eram vendidos a 265 Mts por unidade, agora custam 280 Mts.

 

Os comerciantes afirmam que o cenário pode piorar nos próximos dias, visto que os camiões que abastecem o Mercado Grossista estão a deslocar-se de forma tímida à vizinha África do Sul (onde é adquirida boa parte dos produtos), temendo as manifestações.

 

Entretanto, a chuva que vem caindo em alguns pontos do país, bem como na África do Sul, está a influenciar a baixa disponibilidade de batata reno. Algumas “bancas” estão às moscas e parte dos camiões vazios, aguardando a melhoria da situação para irem ao campo trazer mais mercadorias. (Marta Afonso)

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O Governo revelou, esta quarta-feira, que o Estado está a somar prejuízos decorrentes da paralisação das actividades económicas pública e privada em quase todo o país, principalmente na capital do país. Sem precisar os montantes, o Ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno, afirmou que, com a economia paralisada parcialmente, há impostos que não são canalizados aos cofres do Estado.

 

Contudo, como forma de minimizar os impactos das manifestações, Moreno disse que o Governo vai garantir segurança ao sector empresarial privado para que, mesmo com a greve de uma semana (que inicia hoje), os sectores público e privado continuem a trabalhar para o bem de toda a economia.

 

“Apelamos que as empresas se mantenham abertas. Que os trabalhadores e funcionários públicos também se façam aos locais de trabalho. O Governo vai fazer o seu melhor para garantir a segurança, pois não queremos que haja paragem no sector produtivo porque isso vai ter grandes consequências para a economia do país”, afirmou o Ministro.

 

O governante falava na cidade de Maputo, em conferência de imprensa depois de uma reunião entre o Ministério que dirige, dos Transportes e Comunicações, dos Recursos Minerais e Energia, do Mar, Águas Interiores e Pescas, e o da Cultura e Turismo com a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) para avaliar o impacto das manifestações na economia nacional, bem como encontrar soluções para minimizar os prejuízos.

 

Nesse contexto, Moreno apelou que as empresas se mantenham abertas e que os funcionários públicos e privados se dirijam aos seus postos de trabalho, mesmo com a manifestação de uma semana convocada pelo Candidato Presidencial, Venâncio Mondlane, a partir desta quinta-feira até ao dia sete de Novembro.

 

“Apelamos que as empresas se mantenham abertas. Que os trabalhadores e funcionários públicos também se façam aos locais de trabalho. O Governo vai fazer o seu melhor para garantir a segurança, pois não queremos que haja paragem no sector produtivo porque isso vai ter grandes consequências para a economia do país”, afirmou o Ministro.

 

Na ocasião, o sector empresarial privado representado pela CTA disse que os seus membros continuam a sofrer prejuízos nos seus negócios decorrente das manifestações. Depois dos 1.4 mil milhão (ou bilião) de Meticais contabilizados no dia 21 de Outubro último, os prejuízos das manifestações dos dias 24 e 25 de Outubro passados cresceram para três mil milhões de Meticais.

 

“Tivemos sabotagens, vandalizações e arrombamentos de 33 estabelecimentos privados comercias. Esses danos provocaram prejuízos financeiros estimados em cerca de três mil milhões de Meticais. Com a vandalização, alguns estabelecimentos não voltaram a operar. Em postos de trabalho, estamos a falar de 1200 trabalhadores afectados. Tendo em conta que cada trabalhador representa uma família de cinco pessoas, em média, podemos concluir que foram afectadas mais de seis mil pessoas”, afirmou o Presidente da CTA, Agostinho Vuma.

 

Aliado aos referidos prejuízos, Vuma disse que a paralisação de actividades naqueles dias, especificamente no sector financeiro, resultou na queda de transacções no mercado cambial, de uma média diária de 60 milhões de USD para 14 milhões de USD nos dois dias. Com vista a minimizar os prejuízos, a fonte disse que as empresas estão a implementar planos da crise pós-eleitoral em Moçambique.

 

Refira-se que, segundo o candidato presidencial, Venâncio Mondlane, a greve que inicia hoje e termina no próximo dia sete de Novembro enquadra-se na terceira fase de manifestações gerais que visam repudiar os resultados fraudulentos das últimas eleições gerais de 09 de Outubro último, bem como o assassinato de Elvino Dias e Paulo Guambe, ambos ligados ao partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS). No total, serão quatro fases e 25 dias de manifestações. (Evaristo Chilingue)

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Vinte e um dias depois da realização das VII Eleições Gerais (Presidenciais e Legislativas) e IV Provinciais de 09 de Outubro, a Renamo, actual maior partido da oposição, diz ainda estar a contar os votos e que os resultados da sua contagem paralela serão conhecidos dentro de dias.

 

A informação foi avançada ontem pelo mandatário nacional do partido, Geraldo Carvalho, em conferência de imprensa, cujo objectivo era manifestar o distanciamento da Renamo do Presidente da Revolução Democrática, Vitano Singano, que alegadamente tem vindo a solicitar informações sobre o efectivo dos ex-guerrilheiros da Renamo, que se encontram nas antigas bases da Renamo, nas províncias de Tete, Zambézia, Sofala e Manica.

 

Segundo Geraldo Carvalho, a Renamo usou da sua experiência em processos eleitorais no país e “preferiu ter calma e fazer a contagem”, cujos resultados serão tornados públicos “dentro dos próximos dias”.

 

“Nos próximos dias, o partido Renamo vai se pronunciar, vai divulgar os resultados da sua contagem paralela”, afirmou Carvalho, reiterando: “não estamos a favor do que se tem veiculado como resultados do partido Renamo”.

 

A fonte garante que, em duas províncias, a Renamo lidera a contagem dos votos na eleição do governador e dos membros das Assembleias Provinciais. “Mas também continuamos a aguardar os resultados que serão deliberados no Acórdão do Conselho Constitucional”.

 

Carvalho assegurou ainda que será com base nesses resultados que irá decidir a entrada no grupo dos partidos da oposição que apoiam a luta de Venâncio Mondlane pela verdade eleitoral. “Tudo pode acontecer depois de termos, em mão, os resultados da contagem paralela da Renamo, pois, até ao momento, só se consome os resultados saídos dos outros”.

 

De acordo com a contagem oficial dos órgãos eleitorais, nas eleições legislativas, a Renamo conseguiu eleger 20 deputados, dos 250 possíveis, enquanto para as eleições presidenciais, Ossufo Momade obteve 5,81% dos votos.

 

Por sua vez, a contagem paralela do PODEMOS revela que Ossufo Momade obteve 6,04% do total dos votos válidos nas eleições presidenciais, enquanto a Renamo conquistou 12 lugares na Assembleia da República, nas eleições legislativas.

 

Numa conferência de imprensa pouco concorrida, Geraldo Carvalho negou que Ossufo Momade tenha colocado o lugar à disposição. “O Presidente da Renamo está a trabalhar normalmente”. Disse também que não constitui verdade que a sede da Renamo tenha sido tomada por ex-guerrilheiros, exigindo a destituição de Ossufo Momade.

 

“Houve o que houve e o que houve foi uma questão muito simples e foi mal-entendido, porque era um grupo de companheiros que estavam a conversar, procurando saber quais seriam os passos a seguir”. (Carta)

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O partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), que apoia a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, submeteu, esta quarta-feira, à Comissão Nacional de Eleições (CNE), o segundo e último lote de actas e editais do apuramento parcial dos resultados eleitorais de 09 de Outubro, com intuito de sustentar a sua reivindicação de ter ganho o escrutínio.

 

O lote ontem entregue é composto por 17.196 actas e igual número de editais, provenientes das Mesas de Votação das províncias de Sofala, Nampula e Niassa, e junta-se ao primeiro, submetido no domingo, aquando da interposição do recurso de contencioso eleitoral, em protesto contra os resultados divulgados pela CNE.

 

Segundo a mandatária de Venâncio Mondlane, Judite Mahocha Simão, as actas e os editais entregues ontem são correspondentes a cerca de dois milhões de eleitores e integram o grupo de actas e editais recolhidos pelo partido em todo o país, equivalentes a 59,95% do total das actas e editais emitidos pelos Membros das Mesas de Voto.

 

“Foi preciso um trabalho aturado e, neste momento, trouxemos o que faltava”, afirmou Judite Mahocha Simão, sublinhando que o PODEMOS acredita, sim, “que há espaço para se declarar o partido e o seu candidato como vencedores do escrutínio, porque o povo votou”.

 

“Penso que as reacções que vêm de todos os cantos do país e da diáspora nos dão esse alento. Entendemos que a vitória será declarada pelo Conselho Constitucional. É a oportunidade que este tem para mostrar que a justiça, em Moçambique, existe”, sublinha a fonte.

 

Refira-se, aliás, que o Conselho Constitucional notificou, ontem, a CNE a apresentar, num prazo de oito dias, as actas e os editais do apuramento parcial (feito nas Mesas de Voto) e do apuramento intermédio, realizado nas comissões distritais e de cidade de eleições. (Carta)

Oposição anuncia “aliança inédita” e promete liderar contestação popular.jpg

Cerca de quarenta partidos políticos de oposição, sobretudo extraparlamentares, anunciaram ontem uma “aliança inédita” para contestação dos resultados da votação de 09 de outubro em Moçambique, prometendo liderar, nas bases, as manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.

 

“Este é um momento profético da vida dos moçambicanos, pela primeira vez, toda oposição está junta (…). Isto representa um senso de unidade para uma ação coletiva em que juntos estamos a rejeitar os resultados que foram divulgados e chamamos aqui a necessidade de uma auditoria forense para repor a vontade popular”, declarou Salomão Muchanga, presidente da Nova Democracia, momentos após o término da reunião que juntou cerca de 40 representantes, incluindo do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar.

 

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou, na quinta-feira passada, a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, partido no poder desde 1975, na eleição a Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos, e o reforço da representação parlamentar da Frelimo.

 

“Declaramos que, pelas contagens paralelas feitas pelos partidos, unitária e conjuntamente, (…) os partidos constroem a convicção de que o processo de contagem cerceou direitos de todos os partidos concorrentes, razão para se exigir a reposição da verdade eleitoral”, declarou Dinis Tivane, do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), que apoia Venâncio Mondlane.

 

Por essa razão, os partidos signatários da declaração dizem rejeitar os resultados anunciados pela CNE “por estes não estarem em conformidade com as normas e procedimentos, assim como caracterizados por vários vícios e violações da lei”.

 

O grupo exige ainda uma auditoria forense ao processo a favor da verdade eleitoral e posterior responsabilização criminal pela violação da Constituição da República, Lei Eleitoral e pela fraude por parte dos principais dirigentes dos órgãos de administração eleitoral “por compreender que, se não foram os autores da fraude, foram cúmplices ao reconhecer e anunciar os resultados”.

 

Mondlane, candidato presidencial apontado pela CNE como o segundo mais votado (20,32%), foi o primeiro a rejeitar os números apresentados pelo órgão eleitoral, apelando a uma greve geral de uma semana a partir de hoje, manifestações nas sedes distritais e de cidade dos órgãos eleitorais e marchas para Maputo em 07 de novembro.

 

No documento produzido no final da reunião, os partidos políticos de oposição em Moçambique prometem “liderar o povo” nas contestações, considerando que se trata de um direito constitucional. “Nós estamos a convocar o povo para manifestações pacíficas, que estão dentro daquilo que é o ordenamento jurídico do país. Não há nada de ilegal”, frisou Augusto Mbazo, do MDM.

 

Mondlane, que atualmente se encontra no estrangeiro, tinha já convocado o povo para sair à rua por dois dias, na sequência do assassínio, a 18 de outubro, de Elvino Dias, seu advogado, e de Paulo Guambe, mandatário do partido PODEMOS, manifestações marcadas por confrontos com a Polícia em vários pontos do país, com mortos, feridos e detidos, além de lojas fechadas.

 

O Centro de Integridade Pública (CIP), uma organização não-governamental moçambicana que fiscaliza os processos eleitorais, estima que dez pessoas morreram, dezenas ficaram feridas e cerca de 500 foram detidas, no contexto dos protestos e confrontos durante a greve e manifestações de quinta e sexta-feira passadas, que se sucederam aos confrontos violentos de 21 de outubro, ações convocadas por Mondlane.

 

Embora os porta-vozes dos partidos políticos tenham assumido à imprensa que a Renamo é signatária do documento final, o principal partido de oposição não esteve na conferência de imprensa em que a união das forças políticas foi anunciada.

 

\Aliás, em conferência de imprensa concedida pela Renamo, momentos antes da declaração conjunta dos partidos da oposição, o mandatário nacional da “perdiz”, Geraldo Carvalho, disse que a decisão de se juntar aos outros partidos deve ser tomada por órgãos competentes daquela formação política. Acrescentou que a junção ao grupo poderá acontecer a qualquer momento, mas só depois de o partido ter concluído a sua contagem paralela. (Carta/Lusa)

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O Comandante da Força de Defesa do Malawi (MDF, na sigla em inglês), General Paul Valentino Phiri, disse que a instituição está em alerta máximo devido à crescente tensão em Moçambique, na sequência das manifestações populares contra os resultados eleitorais, considerados os mais fraudulentos de sempre.

 

Phiri pediu às pessoas nos distritos fronteiriços com Moçambique para que não entrem em pânico, uma vez que a instituição militar está preparada para fazer face à situação. O chefe militar falava na segunda-feira, durante a Marcha Interunidades e Competição de Tiro no Campo de Choma Gally em Mzuzu, que juntou 13 quartéis e unidades de todo o país.

 

Liderando os soldados numa sessão de tiros ao alvo, Phiri disse que a MDF investiu fortemente no treino de soldados para garantir que estejam preparados para defender o Malawi, quando for necessário.

 

Ele também revelou que a MDF implementou uma série de reformas, incluindo a criação de novas unidades, a actualização de equipamentos militares e a priorização de treino prático. “Deixe-me assegurar aos malawianos que estamos em alerta em caso de qualquer ataque. Não estamos em conflito com os países vizinhos, mas se formos provocados, estamos prontos para nos defender”, disse Phiri.

 

Ele acrescentou que a MDF lançou mais uma campanha de recrutamento para jovens com qualificações elevadas, com planos de enviá-los ao exterior para educação, antes de treino específico em bases específicas. Os soldados chegaram a Choma na noite de domingo depois de caminhar aproximadamente 200 quilómetros de Luwalazi, em Nkhotakota.

 

Mais de 500 soldados participaram da competição, com mulheres entre as melhores colocadas. Lembre-se que, há dias, Malawi lançou um estado de alerta aos seus cidadãos em Moçambique face à crise pós-eleitoral.

 

Em nota, o Consulado do Malawi em Tete emitiu um alerta de viagem, avisando os utentes da estrada de Malawi para Moçambique para evitar a rota. O Cônsul-geral Happy Jonathan Sakah aconselhou os transportadores malawianos, incluindo os motoristas, para terem extrema cautela ao utilizar a rota Malawi-Zimbabwe, via Moçambique.

 

No passado, mais de um milhão de moçambicanos refugiou-se no Malawi durante o conflito de 16 anos entre o governo moçambicano e a Renamo. Malawi é um dos países mais estáveis da África e do mundo e desde a sua independência em 1964 nunca passou por uma guerra.

 

O seu exército, considerado disciplinado, foi saudado por vários quadrantes por proteger os manifestantes que apelavam à justiça eleitoral, na sequência da eleição presidencial de 2019.

 

Na altura, milhares de civis marcharam até aos escritórios da Comissão Eleitoral, onde trancaram a sua entrada com cadeados e entregaram as chaves a um oficial do exército, levando os militares a “correr” com a polícia que durante os confrontos lançou gás lacrimogéneo contra os manifestantes de forma indiscriminada, incluindo contra crianças.

 

O exército interveio para repor a ordem e proteger os manifestantes depois do presidente cessante Peter Mutharika ter ganho fraudulentamente a eleição presidencial para o seu segundo mandato. Posteriormente os resultados anunciados pela Comissão Eleitoral viriam a ser anulados pelo Tribunal Constitucional do Malawi que marcou uma nova eleição em Maio de 2020, ganha por Lazarus Chakwera do Malawi Congress Party. (Carta/Daily Times)

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O Governo moçambicano, através do Ministro do Interior, promete esclarecer o mais novo caso de rapto, registado ontem na zona nobre da cidade de Maputo, onde a vítima foi um empresário português do ramo da construção civil.

 

Falando em conferência de imprensa destinada a anunciar a abertura de um processo-crime contra Venâncio Mondlane e seus apoiantes, no quadro das manifestações populares em curso no país, Pascoal Ronda afirmou que os serviços de investigação criminal já estão no terreno com vista a esclarecer o segundo caso de rapto a se registar na capital do país, após as eleições.

 

Segundo Pascoal Ronda, nos últimos tempos, as autoridades têm esclarecido os casos que se têm registado no país, buscando até os próprios mandantes. “Normalmente, nos últimos tempos, tal como repararam, todos casos que tiveram lugar foram, em grande parte, esclarecidos. Investimos bastante na entrega dos nossos agentes e foram buscar aqueles que eram mandantes. Para este caso, tudo está sendo feito para o seu esclarecimento”, garantiu.

 

O crime, sublinhe-se, aconteceu por volta das 14h20m, na Avenida Armando Tivane, zona nobre da capital do país. Um vídeo captado por uma câmara de segurança ilustra um grupo de quatro homens, transportados em uma viatura SUV e munidos de armas de fogo, tendo carregado a vítima, minutos depois de desembarcar da sua viatura.

 

No local, os criminosos efectuaram pelo menos três disparos para dispersar os cidadãos que se encontravam nas proximidades, incluindo um indivíduo que tentava prestar socorro à vítima. Testemunhas contam que, no local, o empresário deixou cair o seu telemóvel, que foi recolhido por agentes do SERNIC (Serviço Nacional de Investigação Criminal).

 

“É preocupante, já tínhamos estado a respirar um ar puro. Já vão bons dias em que não havia raptos e vem acontecer isto”, afirmou o Ministro do Interior. Refira-se que este foi o segundo caso de rapto a ocorrer na cidade de Maputo, em Outubro, desde Agosto. O primeiro caso aconteceu no dia 11 (dois dias após às eleições), sendo que a vítima foi prontamente restituída à liberdade, após perseguição da Polícia. (Carta)

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