O Comandante da Força de Defesa do Malawi (MDF, na sigla em inglês), General Paul Valentino Phiri, disse que a instituição está em alerta máximo devido à crescente tensão em Moçambique, na sequência das manifestações populares contra os resultados eleitorais, considerados os mais fraudulentos de sempre.
Phiri pediu às pessoas nos distritos fronteiriços com Moçambique para que não entrem em pânico, uma vez que a instituição militar está preparada para fazer face à situação. O chefe militar falava na segunda-feira, durante a Marcha Interunidades e Competição de Tiro no Campo de Choma Gally em Mzuzu, que juntou 13 quartéis e unidades de todo o país.
Liderando os soldados numa sessão de tiros ao alvo, Phiri disse que a MDF investiu fortemente no treino de soldados para garantir que estejam preparados para defender o Malawi, quando for necessário.
Ele também revelou que a MDF implementou uma série de reformas, incluindo a criação de novas unidades, a actualização de equipamentos militares e a priorização de treino prático. “Deixe-me assegurar aos malawianos que estamos em alerta em caso de qualquer ataque. Não estamos em conflito com os países vizinhos, mas se formos provocados, estamos prontos para nos defender”, disse Phiri.
Ele acrescentou que a MDF lançou mais uma campanha de recrutamento para jovens com qualificações elevadas, com planos de enviá-los ao exterior para educação, antes de treino específico em bases específicas. Os soldados chegaram a Choma na noite de domingo depois de caminhar aproximadamente 200 quilómetros de Luwalazi, em Nkhotakota.
Mais de 500 soldados participaram da competição, com mulheres entre as melhores colocadas. Lembre-se que, há dias, Malawi lançou um estado de alerta aos seus cidadãos em Moçambique face à crise pós-eleitoral.
Em nota, o Consulado do Malawi em Tete emitiu um alerta de viagem, avisando os utentes da estrada de Malawi para Moçambique para evitar a rota. O Cônsul-geral Happy Jonathan Sakah aconselhou os transportadores malawianos, incluindo os motoristas, para terem extrema cautela ao utilizar a rota Malawi-Zimbabwe, via Moçambique.
No passado, mais de um milhão de moçambicanos refugiou-se no Malawi durante o conflito de 16 anos entre o governo moçambicano e a Renamo. Malawi é um dos países mais estáveis da África e do mundo e desde a sua independência em 1964 nunca passou por uma guerra.
O seu exército, considerado disciplinado, foi saudado por vários quadrantes por proteger os manifestantes que apelavam à justiça eleitoral, na sequência da eleição presidencial de 2019.
Na altura, milhares de civis marcharam até aos escritórios da Comissão Eleitoral, onde trancaram a sua entrada com cadeados e entregaram as chaves a um oficial do exército, levando os militares a “correr” com a polícia que durante os confrontos lançou gás lacrimogéneo contra os manifestantes de forma indiscriminada, incluindo contra crianças.
O exército interveio para repor a ordem e proteger os manifestantes depois do presidente cessante Peter Mutharika ter ganho fraudulentamente a eleição presidencial para o seu segundo mandato. Posteriormente os resultados anunciados pela Comissão Eleitoral viriam a ser anulados pelo Tribunal Constitucional do Malawi que marcou uma nova eleição em Maio de 2020, ganha por Lazarus Chakwera do Malawi Congress Party. (Carta/Daily Times)