Será conhecido na noite de hoje o candidato presidencial da Frelimo para as VII Eleições Presidenciais, a decorrerem no dia 09 de Outubro próximo.
Informações colhidas pela "Carta" há poucos minutos junto de Teodoro Waty, a fonte oficial da I Sessão Extraordinária do Comité Central do Comité Central, indicam que os 254 membros daquele órgão já votaram o candidato presidencial, estando neste momento a decorrer a contagem dos votos.
Segundo Waty, à votação, concorreram Roque Silva (Secretário-Geral), Daniel Chapo (Governador de Inhambane), Esperança Bias (Presidente da Assembleia da República) e Francisco Mucanheia (Conselheiro de Filipe Nyusi). Damião José, um dos nomes inicialmente propostos pela Comissão Política, acabou desistindo da corrida.
Os nomes de Esperança Bias e Francisco Mucanheia foram inclusos na manhã de hoje, após a reunião da Comissão Política. Aliás, nos bastidores chegou-se a avançar informações dando conta da retirada da lista, por um lado, assim como do possível aditamento do encontro para quarta-feira, por outro lado, no entanto, a proposta da Comissão Política acabou vincando.
Referir que a Comissão Eleitoral está sendo dirigida por Manuel Guilherme Júnior, Reitor da Universidade Eduardo Mondlane.
A novela da sucessão de Filipe Nyusi retoma hoje e é provável que fique encalhada numa discussão: abrir ou não a “lista curta” da Comissão Política a outros nomes.
A “lista curta”, apresentada ontem ao Comité Central é composta por Roque Silva (o actual SG), Damião José (antigo porta-voz e actualmente membro da Comissão Política) e Daniel Chapo (Governador de Inhambane.
Nos bastidores, há indicações contraditórias: uma aponta que a lista não vai ser aberta; outra alimenta a esperança de vai ser aberta. Aliás, homens afectos a Basílio Monteiro estiveram ontem no terreno mobilizando membros do CC para o seu campo.
Se a lista for aberta, a disputa vai ser feita entre Roque Silva e Basílio Monteiro. Se não for aberta, Roque Silva vai ser eleito sem oposição.
Se isso acontecer, se a lista não for aberta (não apenas para acomodar as pretensões de Basílio Monteiro mas as de outros eventuais também), a Frelimo entra num novo dilema. Porquê?
Porque a “lista curta” demasiado pequena para chegar à Ponta Vermelha percorrendo sem obstáculos o caminho no habitual tapete…vermelho.
Há quem pense que a Frelimo, ao nomear hoje o sucessor de Nyusi, estará também escolhendo o próximo Presidente da República.
Até pode ser! Mas não com a “lista curta”. Parece-me claro que Damião José e Daniel Chapo foram cooptados à última hora, depois do dissenso instalado entre as putativas comadres.Foram cooptados para preencher os lugares como “fauna acompanhante” de Roque Silva.
Damião é um quadro cinzento sem expressão política, que se mostrou inútil como porta-voz. E pesa sobre ele hoje um processo crime por difamação.
O Governador Chapo é um homem cordato, ponderado e bem colocado como ministeriável.
Mas cada um destes teria imensas dificuldades concorrendo contra um Venâncio Mondlane ou mesmo Samito Machel como independente. Ou seja, com eles, a vitória não é garantida. Isto se a oposição convergir num candidato único.
Mesmo o Roque Silva. Ele não é um homem consensual, não tem aura de estadista e criou e alimenta um bom leque que inimigos internos que tudo fariam para sabotar sua jornada.
Roque Silva só tem aceitação dentro de uma circunscrita fornada de militantes em virtude do cargo que ocupa e não de um seu apelo carismático.
Seu único trunfo (poder e autoridade sobre os secretários provinciais) serve para vencer as “internas” apenas. Ele não tem capital político nem popularidade para garantir uma eleição presidencial, a não ser por via fraudulenta, como a Frelimo faz.
Entre o eleitorado urbano, ele mete medo; parece mais nyussista que Nyusi, com requintes manifestos de autocrata e aversão aberta à liberdade de expressão e ao livre arbítrio. Deste modo, ele não garante nada. Se a oposição tiver um candidato à altura.
A “lista curta” é demasiado curta e por isso era esperado que os militantes da Frelimo escolhessem um verdadeiro homem de Estado ou com potencial para arregimentar consensos à escala nacional.
Havia nomes citados com esse potencial: Aires Aly, Luisa Diogo, Amélia Muendane, Samora Machel.
Mas consta que a “lista curta” vai ser a única lista a ir a votos hoje, apesar de ontem à noite emissários de Basílio Monteiro terem trabalhado avidamente no quadro da mercantilização eleitoral vigente na Frelimo.
Então, a principal discussão do conclave hoje será à volta da abertura ou não da “lista curta”.
Enquanto isso, o mercado de votos foi aberto ontem, como dissemos. Os preços variam entre os 200 e os 300 mil Meticais. (Marcelo Mosse)
É oficial! Joaquim Chissano e Armando Guebuza, Presidentes Honorários da Frelimo e ex-Chefes de Estado, estarão presentes na I Sessão Extraordinária do Comité Central, que decorre hoje na Escola Central do partido no poder, na autarquia da Matola, província de Maputo.
A informação foi confirmada na noite de ontem por Francisco Mucanheia, à saída da reunião da Comissão Política, momentos depois de “Carta” e outros órgãos de informação terem avançado a possibilidade de exclusão daquelas figuras em virtude de não serem membros do Comité Central.
“Os nossos Presidentes Honorários são praticamente nossos pais, donos da Frelimo, não há como não estarem presentes, embora a sessão seja destinada aos membros do Comité Central”, afirmou Mucanheia, descrevendo a informação como “não correcta”.
À luz dos Estatutos da Frelimo, os Presidentes Honorários não são membros do Comité Central, sendo que a sua participação na reunião é mediante convite, tal como acontece com os membros do Governo, Secretários de Estado, Governadores, entre outros membros influentes do partido.
No entanto, fontes da “Carta” garantiram que, até às 17h00 desta quinta-feira, os dois ex-Chefes de Estado ainda não haviam recebido quaisquer convites para participar da reunião, que terá a responsabilidade de eleger o candidato presidencial da Frelimo. O nosso jornal sabe que a participação das duas figuras históricas do partido foi decidida na reunião de ontem da Comissão Política.
Refira-se que a exclusão dos dois antigos Presidentes da República e do partido Frelimo podia ser um duro golpe à capacidade destes influenciarem a escolha final dos pré-candidatos da Frelimo à Presidência da República. Na reunião de Abril, Guebuza era um dos que defendia a eleição do candidato presidencial naquele encontro, entendendo que discutir o perfil do candidato era fugir da realidade. (Carta)