Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
segunda-feira, 07 fevereiro 2022 01:36

Mercado de cannabis medicinal da África atingirá 7,1 biliões de dólares até 2023

De acordo com a Phobition Partners, uma empresa de pesquisa e consultoria que lida com a indústria legal da cannabis, o mercado da cannabis medicinal da África valerá 7,1 biliões até 2023.

 

As discussões sobre a cannabis como cura do Coronavírus, embora não apoiadas por nenhuma ciência, ganharam força, com alguns promovendo a planta para combater alguns efeitos do vírus.

 

Em Junho de 2020, a África do Sul iniciou o teste como parte das seis ervas que poderiam efectivamente combater a pandemia da COVID-19.

 

Já em Dezembro do ano passado, a Intadose Pharma, uma corporação sediada no Canadá, completou uma remessa recorde de cannabis medicinal da África do Sul para a Macedónia do Norte pesando 2.125 toneladas.

 

A 3 de Junho de 2020, a Goodleaf, uma das marcas pioneiras da cannabis comercial da África do Sul, fundiu-se com os investimentos da Highlands do Lesotho, o primeiro país a legalizar a cannabis em África, num negócio avaliado em cerca de 45,2 milhões de dólares.

 

Apesar dos regulamentos e preocupações legais, o progresso na África do Sul está a ganhar força. O governo permitiu o cultivo de cânhamo comercialmente restrito, uma classe botânica de cannabis que contém menos THC (o composto psico-activo que causa o efeito "alto").

 

O co-fundador e Presidente do Conselho de Administração do África Cannabis Advisory Group, Sibusiso Xaba, disse que os desenvolvimentos recentes na África do Sul indicam que o mercado no país será o maior em termos de receita. 

 

Xaba informou que a África exportou mais de 15 toneladas de cannabis legal para o resto do mundo em 2021, representando um aumento de dez vezes em relação a 2020.

 

Por seu turno, Nqobile Bundwini, professor da Universidade da Cidade do Cabo, diz que a cannabis pode reactivar a economia da África do Sul. "A África do Sul tende a ficar para trás ao não usar os seus ricos recursos de forma optimizada. E se não o fizermos, ficaremos para trás numa situação em que deveríamos ser os pioneiros e liderar na frente", disse Nqobile.

 

Um relatório de 2020 estima que o mercado da cannabis está baseado, principalmente, em cinco países, nomeadamente, Nigéria (3,7 biliões de dólares), África do Sul (1,7 bilião de dólares), Marrocos (900 milhões de dólares), Lesotho (90 milhões de dólares) e Zimbabwe (80 milhões de dólares). O tamanho do mercado geraria muito mais se as legislações exigidas entrassem em vigor.

 

Desafios legais enfrentados pelo cultivo legal de cannabis em África

 

Os governos prendem muitos produtores que cultivam, vendem e consomem cannabis na maioria dos países africanos.

 

Na maioria dos países africanos, o consumo da cannabis vai contra a religião. No Uganda, um país com uma população estimada em 2,6 milhões de consumidores da cannabis, a primeira-dama, Jane Museveni, e alguns ministros opuseram-se à legalização do produto, chamando-o de "satânico" e ruinoso para o futuro da juventude na África.

 

Houve estigmatização e uma percepção pública negativa sobre a cannabis. A maioria das pessoas acredita que o consumo de cannabis diminui a capacidade de pensamento do cérebro, o que desmotiva o cultivo do produto.

 

Mais ainda, não há conhecimento suficiente sobre a indústria da cannabis pela maioria dos governos africanos. Os investidores para apoiar o cultivo da cannabis são escassos. A maioria dos investidores foi desencorajada pelas restrições legais impostas pela maioria dos países africanos que impedem o cultivo e a venda do produto.

 

À medida que os governos de toda a África mudam a sua abordagem para adoptar a produção do produto, eles estão fazendo investimentos multimilionários no sector.

 

Marrocos legalizou o produto no ano passado. Os relatórios mostram que a indústria "ilegal" da cannabis exportou anualmente 13 biliões para a Europa e empregou mais de 1 milhão de pessoas, apesar da planta ser ilegal.

 

Ao melhorar os regulamentos e as estruturas legais, os países localizados ao longo do Equador têm um imenso potencial para contribuir com as inovações da Cannabis para a produção de medicamentos, papel, tijolos ecológicos e plásticos.

 

Seguindo a onda africana de legalização, o Malawi também legalizou a chamba, como é conhecida a cannabis no país, para impulsionar sua economia. Entretanto, mesmo com a aprovação da lei, o consumo recreativo da cannabis no Malawi continua ilegal. A lei prevê ainda que quem for apanhado a cultivar, processar ou a distribuir cannabis de forma ilegal pode enfrentar uma pena de prisão até 25 anos e o pagamento de uma multa de 70 000 dólares.

 

A nova lei do Malawi estabeleceu uma Autoridade Reguladora da Cannabis, responsável pela atribuição de licenças para o cultivo, processamento, armazenamento, venda, exportação e distribuição

 

Um número crescente de países ao redor do mundo está legalizando ou relaxando as leis sobre a agricultura de cannabis, incluindo vários da África Austral.

 

Em 2020, Malawi tornou-se o mais recente país da África Austral a abrir restrições à indústria de cannabis, juntando-se à Zâmbia, Lesotho e Zimbabwe.

 

A Autoridade Reguladora da Cannabis do Malawi já emitiu 86 licenças para 35 empresas e cooperativas para se aventurar no cultivo da cannabis para a produção industrial de cânhamo. A autoridade emitiu licenças para cultivo, processamento e armazenamento e ainda não emitiu nenhuma licença para exportação da cannabis.

 

A África do Sul foi mais longe ao propor a legalização total da indústria da marijuana como medida para estimular a economia sul-africana.

 

Em Moçambique ainda não há nenhum debate público sobre a cannabis, à excepção de poucos cidadãos que no passado tentaram trazer o assunto à ribalta, mas sem avanços significativos em termos de legalização.

 

Não obstante a sua proibição, a abundância da planta em Moçambique e os níveis de consumo nas zonas rurais e urbanas são cada vez mais crescentes.

 

Para quem navega no mundo da cannabis, Maputo e outras cidades moçambicanas concentram uma parte significativa dos consumidores da droga, numa altura em que os países da região descriminalizaram a cannabis para uso medicinal. A cannabis é a droga mais cultivada do mundo.(Carta)

Sir Motors

Ler 2567 vezes