O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, mostrou-se preocupado com o alastramento da violência em Cabo Delgado à província de Niassa e prometeu estar vigilante para prevenir a circulação de grupos terroristas nas estradas.
Falando em Balama, província nortenha de Cabo Delgado, Filipe Nyusi pediu à população que ajude a impedir a circulação de terroristas na estrada Montepuez-Ruaça, que faz a ligação à província vizinha do Niassa, onde já se verificaram ataques a agentes da polícia e rapto de jovens.
“Esta estrada deve servir a pessoas e instituições de bem, não é para facilitar movimentos de terroristas de uma província para outra”, disse Nyusi.
“Vamos ficar vigilantes”, prometeu o chefe de Estado, comentando os recentes ataques, após a derrota dos terroristas islâmicos em Cabo Delgado, em operações militares apoiadas pelo Ruanda.
“Todos sabemos que os grupos terroristas que semeiam a dor em Cabo Delgado têm de procurar refúgio na província do Niassa”, disse Nyusi, num discurso na segunda-feira, em Balama, extremo sul da província de Cabo Delgado, momentos após inaugurar a estrada Montepuez - Ruaça, uma infraestrutura que liga as províncias de Cabo Delgado e Niassa, numa extensão de 135 quilómetros, num momento em que se confirma a presença de rebeldes na zona.
O Presidente Moçambicano alertou ainda que as autoridades locais estão atentas: “Como disse, Niassa está pronto, apelamos para que não usem este corredor de desenvolvimento para cometimentos de crimes macabros".
Também na segunda-feira, pela primeira vez, a Polícia da República de Moçambique (PRM) admitiu que os “terroristas” que protagonizam ataques na província de Cabo Delgado, norte do país, já estão ativos na província de Niassa.
Segundo as autoridades, a primeira ação dos grupos armados em Niassa, norte do país, foi um ataque a uma viatura da PRM no distrito de Mavago, que resultou no ferimento de agentes.
Numa outra investida, homens armados atacaram uma coutada de caça na província de Niassa, destruindo um acampamento.
Seguidamente, uma patrulha de membros da polícia caiu numa emboscada, tendo os agentes ripostado e matado um líder dos grupos armados, que se chamava Cassimo.
No final de novembro, um grupo de homens armados raptou uma centena de jovens e incendiou residências e barracas na localidade de Naulala, na província do Niassa, no norte de Moçambique.
Os homens armados, em número desconhecido, terão invadido a localidade de Naulala, no distrito de Mecula, na manhã de sábado, onde permaneceram por cerca de uma hora
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde outubro de 2017 por rebeldes sendo alguns reclamados por grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral "SADC", permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia a presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocimboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.