Um grupo de jornalistas da imprensa privada, incluindo “Carta”, que se deslocou a Pemba entre os dias 16 e 17 de Agosto para visitar o distrito de Mocímboa da Praia a convite do Gabinete de Informação (GABINFO), ficou retido na capital de Cabo Delgado durante 3 dias sem nenhuma explicação. A esperada viagem à Mocímboa não chegou a acontecer e desconhecem-se as razões. Suspeita-se que a mesma tenha sido “cancelada” por conta das operações militares que estavam em curso em Mbau. O GABINFO, que fez o convite, ainda não se pronunciou a respeito.
Esta seria a primeira vez que a imprensa não estatal teria acesso à Mocímboa desde que a vila foi retirada das mãos dos insurgentes pelas forças conjuntas - moçambicanas e ruandesas - no dia 8 de Agosto. Esta era para ser a vez dos “enteados”. Mas, mais uma vez, isso não aconteceu.
No passado dia 17 de agosto, terça-feira, o GABINFO, através do seu representante Mendes Mutenda, solicitou aos jornalistas que se encontravam em Pemba para um encontro de concertação que teria lugar às 15h num dos famigerados restaurantes da cidade, o Dolphin. No encontro de cerca de 10 minutos que só chegou a “acontecer” por volta das 17h, o representante do GABINFO, que se fazia acompanhar por homens das Forças de Defesa e Segurança à paisana, informou aos jornalistas que a viagem para Mocímboa estava marcada para quarta-feira, 18.08. Na ocasião não avançou a hora da partida alegando estar em curso concertações. Segundo avançou o GABINFO a viagem teria a duração de dois dias e seria por via terrestre.
Estava assim agendada a esperada viagem para o Teatro Operacional Norte. Pela primeira vez, os jornalistas teriam a oportunidade de ver in loco o que sobrou da vila depois de 1 ano nas mãos dos insurgentes. Entretanto, até as 8h da quarta-feira, dia agendado para viagem, nenhum jornalista tinha sido informado sobre a hora da partida.
Depois de várias insistências de “Carta”, o GABINFO prometeu avançar alguma informação até às 10h:30, mas até ao fim do dia não se preocupou em dar nenhuma explicação. Durante o jantar, alguns jornalistas foram informados pelo representante do GABINFO que a viagem já não seria por via terrestre, mas aérea. As razões da alteração não foram igualmente comunicadas. Esperava-se, assim, que na quinta-feira, 19.08, a equipa finalmente se deslocasse a Mocímboa em dois voos separados. No entanto, chegado o dia, a viagem simplesmente não aconteceu. Durante o dia, os jornalistas ficaram “a ver navios” em Pemba, enquanto aguardavam alguma informação do GABINFO.
Até sexta-feira 20.08 muitos jornalistas já tinham feito as malas e regressado à capital do país sem sucesso. O repórter de “Carta” permaneceu até a tarde de Sábado à espera de uma lufada de ar fresco. Mas, debalde. Até o momento o GABINFO continua a abraçar o silêncio. (Carta)