A razão das três contravenções emitidas pelo Banco de Moçambique contra o Standard Bank e dois dos seus gestores séniores, nomeadamente o Administrador Delegado, Chuma Nwokocha, e o director de Corporate, Carlos Madeira, foi alegadamente esta, de acordo com fontes de “Carta”: O SB estava líquido, tinha excesso de dólares, queria vender dólares ao BM, mas este não comprava e, para resolver o excesso de liquidez, fez uma operação ilegal envolvendo pelo menos um cliente”.
Se isto for verdadeiro, o SB e seus gestores cometeram uma contravenção muito grave e a sua suspensa do mercado cambial deverá ser prolongada por mais meses. Eventualmente, Chuma e Carlos Madeira serão interditos de exercer funções em Moçambique.
A interdição do SB empurra seus clientes para um comportamento racional: diversificar o risco, isto é, não vão colocar todos os ovos, neste caso os dólares, num banco só. Os principais bancos da praça vão ter de acomodar, nos próximos tempos, alguns clientes que deixarão de usar SB.
É uma dádiva para a concorrência, disse um especialista. Aliás, na semana passada, quando o BM veio frisar que a suspensão do SB abarcava todo o mercado cambial, o regulador garantiu que o mercado não ficaria afectado pois as operações do SB estavam a ser assumidas por outros operadores.
“Claro que não é fim da linha para o SB, mas a inibição cambial é já uma punição severa, pois a perda de posição dominante poderá representar dezenas de milhões de USD".
A ideia de que mercado não ficará afectado em virtude da assunção, pela concorrência, das operações do SB (45% do mercado cambial e principal banco para depósitos em USD) estar curso é discutível. E há quem já nota algumas mexidas nas taxas de câmbio.
Mas, grosso modo, há operações que dependem do factor “confiança”. Por exemplo, as operações com crédito ao inventário, de que dependem algumas indústrias, levam o seu tempo a serem montadas. Uns três meses no mínimo. Por outro lado, não é sem qualquer diligência que um banco se coloca a emitir cartas de crédito para um novo cliente.
De certo modo, as transações com o estrangeiro vão passar por uma fase difícil porque esse é um domínio de preferência do mercado pelo SB. A transferência das contas vai levar tempo e a credibilidade do sistema bancário não vai sair incólume. (MM)