A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) diz “não” à retoma da discussão do reajuste do salário mínimo, estagnado em Abril de 2020. Como consequência, este ano, o reajuste do salário está em risco. A posição da CTA vem no mês em que o Governo disse que as conversações retomariam.
Falando esta quarta-feira (16) à imprensa, o vice-presidente da CTA, Vasco Manhiça, explicou que a posição da Confederação resulta da falta de condições para a retoma, porque as empresas privadas continuam severamente afectadas pela crise pandémica.
Para ilustrar a sua explicação, Manhiça reportou que, em 2020, o sector empresarial registou perdas de facturação estimadas em cerca de 1.1 mil milhões de USD, o correspondente a 7% do Produto Interno Bruto (PIB), o que culminou com a suspensão de cerca de 90 mil postos de trabalho.
Segundo a fonte, esses dados resultaram principalmente dos impactos associados às medidas restritivas impostas pelo Governo, no âmbito da contenção da propagação da pandemia da Covid-19, bem como pela queda da procura agregada e das distorções macroeconómicas.
Mesmo com o alívio de algumas medidas, a CTA diz que as empresas continuam a ressentir-se dos efeitos da pandemia mundial.
“Conforme se pode notar, apesar do alívio das medidas recentemente anunciadas pelo Governo, as quais muito apreciamos, pois, irão certamente contribuir para revitalizar a actividade económica, as empresas nacionais continuam se ressentindo do contexto adverso que caracteriza a nossa economia, sendo que, após um primeiro trimestre absolutamente negro, estão, neste momento, a tentar criar bases para a sua revitalização, o que não será um processo repentino”, afirmou o vice-presidente da CTA.
Exposto o problema que impede a retoma das conversações, Manhiça reafirmou, num outro desenvolvimento, ser impensável a CTA avançar para negociação com o Governo. “Negociar nessa circunstância é claramente igual a ir negociar com alguém que está em coma”, concluiu Manhiça.
O anúncio da retoma das negociações foi feito a 21 de Abril último, pelo Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, na Assembleia da República, em sessão de respostas do Governo aos deputados. Todavia, no mês em que as negociações devem continuar, o sector privado diz não haver condições. Perante esta realidade, depreende-se que o aumento do salário mínimo poderá não acontecer pelo segundo ano consecutivo. (Evaristo Chilingue)