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segunda-feira, 22 fevereiro 2021 05:57

Covid-19: “Recolher obrigatório é uma medida de eficácia altamente discutível” – defende antigo Ministro da Saúde

Continua aceso o debate sobre a eficácia do recolher obrigatório, todos os dias, entre as 21:00 e as 04:00 horas, na área metropolitana do Grande Maputo, que abrange as cidades de Maputo e Matola e os distritos de Marracuene e Boane. Desta vez, quem mostra reservas em torno da medida tomada pelo Governo é o antigo Ministro da Saúde, Hélder Martins, que defende ser uma medida de “eficácia altamente discutível”.

 

Numa carta dirigida ao Chefe de Estado, no passado dia 16 de Fevereiro, na qual pede demissão da Comissão Técnico-Científica para Prevenção e Resposta à Pandemia de Covid-19, o primeiro homem a dirigir a área da Saúde, no país, defende que o recolher obrigatório “é uma medida muito do agrado de todos aqueles que acham que devem tomar medidas musculadas”, pois, na sua explicação, a história da saúde pública moderna mostra que “medidas administrativas deste tipo são de fraca eficácia e, por vezes, são mesmo contraproducentes”.

 

A título de exemplo, a fonte aponta a vizinha África do Sul, cuja medida não surtiu efeito, sendo, actualmente, o país mais afectado pela pandemia, a nível do continente africano.

 

“Uma medida deste tipo tem muitas implicações logísticas e exige uma fiscalização educativa, dum tipo que a nossa Polícia não está preparada para fazer. No seio da Comissão, foi uma medida muito controversa. O argumento a favor era de que aos fins-de-semana, durante a noite, havia gente a vender carne assada e bebidas alcoólicas ao longo da estrada, mas ninguém é capaz de provar epidemiologicamente que são os vendedores ou consumidores desses produtos os mais afectados pela epidemia”, considera Hélder Martins, revelando o consenso alcançado: recolher obrigatório entre as 23:00 horas e as 4:00h ou 5:00h da manhã, aos fins-de-semana.

 

“O recolher obrigatório às 21:00h, todos os dias, resultou na confusão e na revolta popular a que estamos a assistir. Não posso ser tomado como cúmplice desta medida tão desacertada”, defende Hélder Martins. (Carta)

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