Está cada vez mais a regredir a democracia moçambicana. Quem assim constata é a The Economist Intelligence Unit, no seu mais recente Índice da Democracia, referente a 2020, publicado esta quarta-feira, em Londres, capital do Reino Unido, no qual classifica a democracia do país como “autoritária”.
De acordo com a avaliação feita pela divisão de pesquisa e análise do Economist Group, empresa proprietária do jornal The Economist, que analisa os níveis de democracia em 167 países, a democracia moçambicana regrediu de 2019 para 2020, ao passar da 120ª para 122ª posição. Em termos de pontuação, Moçambique somou, em 2020, 3.51 pontos, contra 3.65 pontos, amealhados em 2019. A pontuação mais alta, refira-se, é de 10 pontos, sendo considerada “democracia plena”.
Na sua avaliação, sublinhe-se, os analistas do The Economist Intelligence Unit analisam itens como “processo eleitoral e pluralismo; funcionamento do Governo; participação política; cultura política; e liberdades civis”.
No caso de Moçambique, o Índice de Democracia de 2020 avaliou negativamente os processos eleitorais e pluralismo (2,58 pontos), o funcionamento do Governo (1,43 pontos) e as liberdades civis (3,53 pontos). Entretanto, no que tange à participação política e à cultura política, o Índice faz uma avaliação positiva, tendo dado nota 5,0 a cada um dos itens. Os analistas do The Economist Intelligence Unit não avançam as razões que levaram o país a cair no Índice.
No geral, o Índice da Democracia 2020 avalia a democracia da maior parte dos países da África Subsaariana como “autoritária”, sendo que a pontuação média dos 44 países da região avaliados caiu para de 4,26, em 2019, para 4,16, em 2020, sendo a mais baixa da região desde 2006, ano em que foi feita a primeira avaliação.
Aliás, na África Subsaariana, apenas as Ilhas Maurícias têm uma “democracia plena”, tendo 8,14 pontos, ocupando a 20ª posição na classificação global. Por seu turno, Cabo Verde, Botswana, África do Sul, Namíbia, Gana e Lesotho apresentam “democracias imperfeitas”. Com “regimes híbridos” estão 13 países (Malawi, Madagáscar, Senegal, Libéria, Tanzânia, Quénia, Uganda, Zâmbia, Serra Leoa, Benin, Gâmbia, Costa do Marfim e Nigéria), menos dois que em 2019, na sequência da descida do Burquina Faso e Mali, cujos regimes já são “autoritários”.
Referir que, a nível mundial, a classificação é liderada pela Noruega (9,81 pontos), seguida pela Islândia (9,37) e Suécia (9,26). O regime mais autoritário do mundo é o norte-coreano (1,08 pontos), sendo seguido pelos regimes autoritários da República Democrática do Congo (1.13) e da República Centro Africano (1.32). (Carta)